Futebol

Rivalidade apimenta Choque-Rei nesta segunda

10/03/2025 Fúlvio Feola
Cesar Grecco/SEP

Palmeiras e São Paulo se enfrentam nesta segunda-feira, 10, pela semifinal do Campeonato Paulista, mas a disputa entre as equipes já começou fora de campo. Desde a definição da data da partida, até a grama sintética do Allianz Parque – que receberá o confronto na próxima semana –, se transformaram em problemas entre as diretorias dos clubes e os jogadores das equipes.

A data da partida foi definida pela Federação Paulista de Futebol (FPF). O São Paulo se entende como prejudicado, já que, inicialmente, a data base para a disputa seria no domingo, 9, e não optou por não participar do conselho técnico da entidade, na manhã desta segunda-feira. Será a terceira vez em cinco anos que as equipes se enfrentam no mata-mata do Paulistão.

“O São Paulo Futebol Clube entende que partidas nobres e decisivas, como as semifinais do Campeonato Paulista, devem ser disputadas nos sábados e domingos. Tal fato causa perplexidade, uma vez que as quatro agremiações de maior torcida vão disputar esta fase, nenhuma partida será realizada no sábado e tal decisão tenha sido tomada anteriormente”, afirmou o clube tricolor por meio de nota.

Corinthians e Santos se enfrentarão no domingo, 9, mas o Allianz Parque, casa do Palmeiras, receberá o show da banda de rock The Offspring no sábado, que impossibilita a utilização do estádio para a semifinal do Paulistão. A diretoria alviverde, portanto, solicitou à FPF que sua partida fosse disputada na segunda-feira, garantindo que o estádio estaria em condições de receber confronto – e com capacidade máxima.

Além da data, o local da partida também se torna um problema para o São Paulo após manifestação dos jogadores contra a utilização do gramado sintético no Brasil. Lucas Moura, atacante tricolor, foi um dos líderes do movimento, ao lado de Neymar e Thiago Silva. No último confronto com o Palmeiras, foi poupado por Luis Zubeldía e começou entre os reservas.

“Já falei tudo o que tinha para falar sobre o gramado. A gente fez esse movimento, espero que algum dia dê resultado, mas agora a realidade é que ainda está aí, não tem como fugir disso. É decisão, semifinal, não tem como ficar fora”, disse o atacante, após classificação diante do Novorizontino nas quartas de final. Além de Lucas, Oscar, principal reforço do São Paulo nesta temporada, também foi poupado por Zubeldía no último confronto com o São Paulo.

Nas últimas semanas, o próprio camisa 7 argumentou que, no sintético do Allianz Parque, é “praticado outro esporte”. Além desse fator, atletas defendem que o campo artificial aumenta o risco de lesões – ainda que não haja um estudo que comprove a alegação. Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, afirmou, no entanto, que o sintético é pior “para as articulações”.

Episódios recentes

Esta não é a primeira vez, na história recente, em que Palmeiras e São Paulo entram em conflitos fora do campo. Desde 2023, quando as diretorias mantinham relações cordiais – inclusive com o empréstimo do Allianz Parque e do MorumBis para o rival –, clubes passaram a se provocar fora da disputa esportiva.

Em janeiro deste ano, Leila Pereira criticou a decisão dos clubes brasileiros em realizar partidas de pré-temporada fora do Brasil. “Fizemos a nossa pré-temporada aqui em São Paulo. Esse negócio de fazer pré-temporada no exterior é para dirigente passear, porque não tem nenhum benefício para o atleta, não tem benefício financeiro para o clube. Absolutamente nada”, disse a mandatária, em evento no qual apresentou o novo patrocínio máster do Palmeiras – a Sportingbet.

O São Paulo foi um dos clubes que disputou a FC Series – antiga Florida Cup – no início deste ano, nos Estados Unidos. Além disso, na última semana, a presidente também ressaltou a receita recorde do Palmeiras em 2024 e alfinetou, mas sem citar diretamente o rival tricolor, as demais equipes. “Gostaria muito que os clubes brasileiros tivessem a receita que o Palmeiras tem. Gostaria muito que a maioria dos clubes brasileiros tivessem a quantidade de títulos que nós temos. Eu tenho certeza que isso é um motivo de muito orgulho do torcedor do Palmeiras”, afirmou a presidente.

Em 2024, Carlos Belmonte, diretor de futebol do São Paulo, também havia se envolvido em polêmica ao criticar Abel. À época, o dirigente o chamou de “português de m…”, mas se desculpou posteriormente.

Antes disso, um ano antes, a diretoria do São Paulo havia se incomodado pelo tratamento que recebera no duelo com o Palmeiras, no Allianz Parque, pelo Campeonato Brasileiro – vitória do time alviverde por 5 a 0. Na ocasião, foi reservado um pequeno espaço, próximo à zona mista, para que Dorival Júnior, então técnico tricolor, realizasse a entrevista coletiva.