Significados do Judaísmo

Os oásis judaicos em São Paulo

13/02/2025 Mendy Tal
Os oásis judaicos em São Paulo | Jornal da Orla

Atualmente, o judeu vive, mais uma vez, momentos de perigo. No mundo todo, mesmo em lugares outrora mais tolerantes, o antissemitismo começa a tomar conta das pessoas de má índole e aqueles ingênuos que acreditam numa imprensa antissionista e tendenciosa.

Em boa parte do mundo, nosso povo já não pode andar tranquilamente, consciente de que, a qualquer hora, poderá ser insultado e agredido.

A kipá se tornou um símbolo que suscita ódio daqueles que nos demonizam.

Aqui, no Brasil, temos nossa cota de antissionismo e antissemitismo também.

Porém, em nosso país, podemos ainda respirar um pouco mais tranquilos, porque os brasileiros são acolhedores em geral, com exceção daqueles que, impelidos por uma esquerda radical, demonizam Israel e, por tabela, os judeus.

Entretanto, conseguimos criar alguns oásis onde o judeu pode se sentir realmente em comunidade. Principalmente em São Paulo, onde reside a grande parte da população judaica nacional.

Antigamente, com o afluxo de judeus depois da guerra, o pináculo da sociedade judaica se baseava no Bom Retiro. Os judeus lá encontravam o shochet, o carniceiro que abate os animais respeitando o rito da Kashrut. Este personagem era amigo dos habitantes do bairro, conhecia a preferência de cada família, criando uma sensação de uma cidadezinha onde todos se aceitavam.

Durante o dia, os judeus mais idosos se reuniam no pletz (ponto de encontro) para conversarem em iídiche sobre todos os assuntos. A gritaria das conversas gerava um som familiar para todos que lá passavam.

As sinagogas também eram muitas e, nas Festas, cada família visitava as outras sinagogas para cumprimentar seus parentes.

Com o sucesso financeiro e com as famílias mais jovens querendo se adaptar mais dentro da sociedade, os judeus se mudaram, majoritariamente, para Higienópolis e para os Jardins.

Tanto o bairro de Higienópolis quanto o dos Jardins abrigam uma ampla quantidade de judeus de todos os tipos.

Há dezenas e dezenas de sinagogas e outros centros comunitários para recepcionar nosso povo. Os supermercados ostentam prateleiras de comida kasher.

Na sexta-feira à tarde e no sábado de manhã, os judeus ortodoxos se vestem com gala, reúnem suas famílias e vão para as suas sinagogas de preferência.

Os judeus mais seculares têm a liberdade de caminhar e fazer seus exercícios nas ruas dos bairros também.

Uma troca respeitosa de “Shabat Shalom” pelas ruas demonstra a tranquilidade que os bairros oferecem à nossa comunidade.

Na época dos feriados judaicos, temos nossos símbolos, como a chanukiá, expostos pelas ruas e pelos shoppings locais.

Esta exibição de nossos usos e costumes é a melhor forma para explicar aos não-judeus como nosso povo se comporta e atrair o respeito irrestrito dos cidadãos da cidade.

Um outro oásis é o clube judaico maior do mundo: nossa “A Hebraica” de São Paulo.

A história vitoriosa do clube tem origem no sonho de um pequeno grupo que, em 1953, viu a necessidade de criar uma nova sociedade. Um ponto de encontro em que as famílias judaicas pudessem se reunir com segurança – com opções de lazer e recreação –, em um ambiente que permitisse ações educacionais para a criação de crianças e jovens sob as tradições e valores da comunidade judaica.

Há mais de 60 anos podemos contar com uma entidade que oferece ao judeu atividades sociais, culturais, esportivas, religiosas, gastronômicas, educacionais e de congregação para nossa comunidade, em qualquer tipo de idade.

O clube também exibe sua tolerância permitindo que jovens não judeus participem de uma gama de atividades esportivas, com a liberdade de treinar e competir por nossa bandeira.

Enfim, nestes dias de intolerância flagrante para com o judeu e seu povo, estes redutos mostram que há caminho e esperança para o reconhecimento e o respeito de nossa comunidade.