Um livro sobre escolhas e suas consequências
É o conjunto de muitas coisas que fazem de um livro uma peça especial: uma boa estória, um escritor habilidoso, personagens densamente construídos, desenvolvimento e conclusão contundentes. O sentido do fim, de Julian Barnes, faz tudo isso, e faz muito bem.
A estória se divide em duas partes. Na primeira, Tony e seus amigos conhecem Adrian, o novo aluno da escola. O novato rapidamente causa fascínio sobre a turma: seu comportamento tímido, pontuado por uma maturidade rara para a idade e uma finíssima inteligência, conferem-lhe uma aura diferenciada perante o grupo. E então um assombroso evento põe termo a tudo. A segunda parte apresenta Tony já aposentado, consciente de ter vivido uma existência digna, até ser confrontado com uma memória fugidia do passado que pouco a pouco vai se revelando até a brutal perplexidade final.
Um livro que confronta os limites da responsabilidade e a imperfeição da memória sob uma tensão absolutamente brilhante.
Motivos para ler:
1- O inglês Julian Barnes é, sem favor algum, um dos maiores escritores dos nossos tempos. Foi com este O sentido do fim que o escritor recebeu a prestigiada distinção Man Booker Prize em 2011. Este pequeno livro é mesmo uma obra-prima;
2- É do imaginário de qualquer leitor esperar que livros promovam chocantes surpresas e comoções arrebatadoras. É o que acontece neste livro. Nada é o que parece até as últimas linhas;
3- É preciso enaltecer o talento – que em alguns momentos toca o sublime – de Barnes na orquestração de todo o enredo. A trama segue continuamente tensa e forte, mas sempre ponderada com uma suave delicadeza e enriquecida com reflexões de enorme profundidade. Coisa de mestre.
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