Crônica

O milagre da tolerância

09/08/2024
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Alexandre Camilo chega “chegando”. Nunca passa despercebido. Nenhum ambiente fica sonolento se tiver a presença dele acordado. E ele sempre está acordado quando no ar flutua uma mínima possibilidade de fazer o bem. É “física quântica”, ele diz, “A vibração do bem é contagiosa.” “O crime é muito organizado. Nós, que estamos do lado do bem, também precisamos de organização.”

Alexandre é o idealizador e organizador da Ação do Coração, que no domingo passado, dia 04, chegou à 13a edição em Santos. Num tempo de discurso do ódio, de influencers, haters, youtubers e “idioters” fazendo jorrar um manancial de intolerância e preconceito nas redes sociais, ele tenta resgatar solidariedade, diálogo, entendimento, afeto… valores que parecem ter se perdido em algum lugar do passado.

Quem convive com esse trator de afetividade, como o jornalista Lúcio Nunes, diz que as marcas dele são o altruísmo, a resiliência e um otimismo convicto. Esse otimismo que ele exala parece blindado por alguma coisa parecida com aquele domo de ferro que protege Israel contra ataques terroristas aéreos: nenhum míssil de negatividade consegue arranhar a alma dele.

Tem gente que acha que pra mobilizar milhares de pessoas, numa promoção como a Ação do Coração, só um louco. Em alguns casos, a loucura e a genialidade têm interface, uma linha divisória bem sutil. Alexandre está do lado da genialidade. E a capacidade de mobilização da equipe de voluntários, impressionante, como define o Lúcio, brota da sensibilidade e da esperança de transformação positiva que ele consegue transmitir de coração para coração.

Os corações se multiplicam. Cada um deles traz uma pequena doação de tempo, de fé, de trabalho de costura e, principalmente, dessa esperança de transformação. Eram cem mil corações forrando a Praça Mauá, em Santos, no domingo passado.

Vacinação, exames de saúde preventivos, cuidados gratuitos com amimais domésticos completavam o cenário de corações e doações. Toneladas de doações. Alimentos, ração, brinquedos, agasalhos… A Ação do Coração faz desabrochar o melhor das pessoas.

Quando termina uma Ação, começa a preparação da outra. Alexandre vivencia a promoção durante o ano inteiro, multiplicando a cada ano a potência e a transformação.

Neste período o esforço é com a logística de distribuição de tudo o que foi arrecadado. De construir uma ponte entre quem abriu o coração para doar e quem vai ter o coração aquecido porque recebe.

Na primeira página desta edição, você vai observar uma fotografia que explica o título desta crônica. A Ação do Coração deste ano conseguiu reunir e congraçar lideranças de 21 correntes religiosas diferentes: 21 !!!

Nesse nosso tempo, de guerras, atentados terroristas e agressões de todos os tipos por intolerância religiosa, só um milagre pode explicar a harmonia traduzida nessa fotografia: 21 religiões e seitas diferentes unidas na mesma sintonia.

Um milagre ou uma energia muito forte. No núcleo de um átomo, os prótons, partículas que se repelem entre si pela eletricidade positiva que todas carregam, se mantém unidas por uma energia fortíssima: a energia nuclear. No caso dessas 21 lideranças de seitas e religiões diversas, é uma energia ainda mais forte: a energia do amor, a única com a capacidade de transformação que a Ação do Coração injeta na nossa veia.