A materialização de objetos é um acontecimento que impressiona, mas que também causa bastante polêmica para os mais céticos. No interior de São Paulo, dona Edelarzil Munhoz Cardoso, conhecida como “a benzedeira do algodão”, realiza esse fenômeno há mais de 50 anos.
Vestida de branco, com colar e pulseira, batom e um leve perfume adocicado, ela atende semanalmente a centenas de pessoas que a procuram nos dias de consulta para serem “limpas” de influências negativas, feitiços ou de conflitos pessoais; ninguém sai sem ser atendido e ela afirma: “recebi o dom, foi dado por Deus e isso ninguém me tira”.
História
De família simples e católica, aos 3 anos de idade, Edelarzil brincava com as meninas e benzia as bonecas, diz que os guias espirituais receitavam remédios para curar os vermes das crianças e funcionava. Já com 5 anos, cavava buraco para encontrar magia enterrada. Aos 7, rezava o terço, dizendo ver o anjo da luz e o das trevas: “optei pelo da luz, os guias que me protegem são Santo Antonio de Pádua e Nossa Senhora do Rosário”. Ficava perturbada com tudo o que acontecia e foi passada por louca, distanciando-se das pessoas. Mais tarde, começou a atender em casa pessoas que vinham de toda a parte do Brasil: “chegaram a raspar a minha casa que era de madeira para fazer chá, diziam que era abençoada e curava as pessoas; meu pai ficou transtornado”. Aos 9 anos de idade, a contragosto do pai, foi trabalhar nas lavouras de algodão e no terceiro dia teve a visão de Nossa Senhora do Rosário, com quem diz ter conversado e proposto “viver para ajudar aos semelhantes ou a morte material para descanso eterno”.
Materialização do algodão
Em 1980, iniciou a materialização com o uso do algodão. D. Edelarzil conta que materializava os objetos e eles caíam em cima das pessoas e até as cortavam, pois apareciam vidros, ossos e coisas pesadas que acabavam machucando. Foi quando pediu para os guias espirituais que mostrassem outra forma de fazer isso e foi indicado por meio do algodão.
O objetivo do trabalho é “limpar”, livrar a pessoa do que dificulta a sua vida e nem sempre uma única vez é suficiente. Se houver “trabalho feito”, influências, inveja ou energia negativa criada pela própria mente, tudo isso será transportado para o algodão e liberado. Depois, é preciso fazer as orações durante os 13 dias posteriores. A médium diz que quando a pessoa não tem fé, o algodão endurece. Um dos comentários mais comuns no local é de um rapaz que durante o seu trabalho de materialização foi retirado um sapo vivo com a boca costurada, quando aberta encontrou sua fotografia.
O assunto é tão polêmico que já recebeu visitas de pessoas de vários países, além de ser alvo de chacota de programas de TV, mas ninguém consegue provar nada: “não tenho medo, a minha consciência está limpa para com Deus”, conta Edelarzil. O que se comenta é que políticos, cantores, atores como Raul Cortez, Ruth Escobar, Elizabeth Savala e até a conhecida atriz Shirley Maclaine a frequentam com certa regularidade. A médium doa 100 cestas básicas mensalmente para famílias carentes.
O espaço onde realiza os trabalhos é num terreno doado por um médico e se chama Estância Casa Caminho e Luz em Votuporanga, São Paulo. É tudo bem organizado e logo que as pessoas chegam, precisam pegar a senha, comprar o algodão e desfiá-lo para serem colocados na peneira, onde será molhado e realizada a materialização. Fica tudo à vista: peneira, algodão, água, o tanque onde escorre a água; e quem quiser pode ir tirar suas dúvidas. A palestra da médium e as orações antecedem o trabalho. Pede para que façam um exame de consciência, se concentrem e peçam saúde, paz de mente e espírito, sermos pacientes e simples.
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