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Mulheres

03/07/2024
Mulheres | Jornal da Orla

Um livro que resgata incríveis histórias de corajosas mulheres do mundo todo 

A mulher, em todos os níveis da promoção cultural humana (econômico, trabalhista, social, político etc.), ocupa papéis submissos em relação ao homem. Esta constatação é universal: não há tradição cultural antiga, moderna ou contemporânea que não perpetue o desprestígio da mulher no meio social. É certo que a mulher já alcançou direitos fundamentais importantes, mas estes infelizmente não podem ser reputados como conquistas, já que estão sempre sob a ameaça de alas conservadoras.

Tudo isto faz de Mulheres um livro atual e necessário. O estilo literário de Galeano está todo nele: um mosaico de mini textos, cada qual narrando um episódio histórico, místico ou fantástico protagonizado por bravas mulheres (algumas famosas, outras invisíveis) que não se resignaram ante a opressão. O livro cruza mulheres de todos os países, eras e contextos sob uma mesma luz: a resistência contra a subjugação.

Sabe-se que não existe progresso que dure para sempre. Os movimentos políticos são historicamente pendulares, ora pendendo para tendências mais progressistas e igualitárias, ora tomando um sentido mais conservador e opressor das minorias. É preciso, portanto, estar sempre alerta. A literatura pode, também, ser uma forma de resistência.

 

Motivos para ler:

1- Já mencionamos, em colunas anteriores, o festejado uruguaio Eduardo Galeano. Premiado e reconhecido no mundo todo pelo seu valor literário e jornalístico, Galeano sempre se preocupou em entoar a dignidade latino-americana em suas linhas. Um estilo único que vale a pena conhecer;

2- Cada mulher representa todas as mulheres. Essa é a valiosa ideia central por trás da sororidade. E assim deve ser quando um grupo minoritário (não numericamente, mas em representatividade e reconhecimento) continua sofrendo dificuldades para atingir níveis mais dignos ou, pior, quando vê direitos já consolidados serem questionados;

3- O eterno machismo encontra vários ecos – mais camuflados, mas sempre nocivos – nos dias de hoje, e produz monstruosidades. O caso recente do “PL do Estupro”, patrocinado por alas obscuramente reacionárias do Congresso Nacional, quer diminuir a abrangência da excludente de ilicitude do aborto legal decorrente de estupro – excludente esta reconhecida desde 1940, para se ter ideia do retrocesso. Pior: quer criminalizar, com penas altíssimas, as meninas e mulheres brasileiras vítimas de estupro. Um exemplo claro do quanto é difícil ser mulher em tempos conservadores.

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