Política

Motoristas de app travam disputa desleal com transporte coletivo, diz presidente da CET

11/02/2025 Marco Santana
Motoristas de app travam disputa desleal com transporte coletivo, diz presidente da CET | Jornal da Orla

O diretor-presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Antônio Carlos Gonçalves, avalia que existe uma “concorrência desleal” entre motoristas de aplicativo e o sistema de transporte coletivo em Santos, o que obriga a Prefeitura a aumentar cada vez mais o subsídio repassado à empresa que opera o sistema, para evitar o aumento da tarifa.

“Hoje, é mais barato usar o transporte por aplicativo do que o transporte coletivo. Tem alguma coisa errada”, disse, ao participar ontem do programa Ponto de Vista, na Santa Cecília TV.

Ele explicou que o número de passageiros de ônibus em Santos vem diminuindo ano após ano. “Antes da pandemia, tínhamos 3,4 milhões de passageiros por mês. Hoje, temos 2,2 milhões de passageiros por mês”, revelou. Gonçalves acrescentou que as gratuidades (para idosos, pessoas com deficiência, pacientes de determinadas doenças e meia entrada para estudantes, entre outras) também pressionam para o aumento da tarifa. “Destes 2,2 milhões de passageiros, 1,4 milhão pagam, o restante tem algum tipo de gratuidade”, completa.

Desonerações

O presidente da CET avalia que, o governo federal deveria adotar medidas que ajudariam a equilibrar a situação, como desonerar tributos, encargos e reduzir o valor do diesel do transporte coletivo. “Não precisa onerar o transporte por aplicativo, mas sim desonerar o transporte coletivo, para baratear o custo desta tarifa. Aí você dá igualdade de valores para o passageiro escolher”, argumenta.

Tarifa zero

Durante a campanha eleitoral, o prefeito Rogério Santos se comprometeu a realizar estudos tendo como objetivo a implantação da tarifa zero no transporte coletivo da cidade. No entanto, segundo o presidente da CET, o impacto financeiro é um grande obstáculo. “A Prefeitura precisaria repassar R$ 12 milhões por mês para a empresa que opera o sistema”, informa.

“O subsídio começou em 2021, ao custo de R$ 800 mil por mês e agora está em R$ 3,4 milhões por mês”, revela. “Ele é necessário para manter a tarifa sem reajuste”. Segundo ele, hoje 29% da tarifa é subsidiada.