Além de fatores genéticos, hábitos influenciamna capacidade reprodutiva
A avaliação genética de embriões é um dos avanços nas técnicas de reprodução humana assistida que aumentam as chances de fertilização. Desde 25 de julho de 1978, quando nasceu a britânica Louise Brown, o primeiro bebê de proveta do mundo, foram grandes e rápidos os progressos nas técnicas de reprodução humana assistida. Mas, mesmo a ciência colaborando para que homens e mulheres tenham filhos, a natureza continua dando a palavra final.
“Hoje, temos mulheres de 45 anos com aparência de 30 anos, mas o organismo dela continua sendo o de uma mulher de 45 anos. O tempo que ela começou a ovular e quando ela entrará na menopausa são determinados pela natureza. A qualidade do óvulo de uma mulher de 20 anos é muito superior ao de uma mulher com 43 anos, porque os bons óvulos já saíram aos 20, 21 anos. Quanto mais jovem for a mulher, maiores as chances de ela engravidar”, explica o médico Condesmar Marcondes Filho, um dos pioneiros nas técnicas de reprodução humana assistida no Brasil.
“Quando começamos, a chance de uma paciente engravidar era de 10% a 15%, hoje é de 50%. “Ao longo do tempo evoluíram os aparelhos de ultrassom, os meios de cultura, as incubadoras, nós, médicos e as medicações para ter melhor qualidade de embriões. Não acredito que cheguemos a 100%, mas podemos evoluir muito ainda”, afirma.
Além de fatores genéticos, os hábitos podem influenciar na capacidade reprodutiva tanto da mulher quanto do homem. “O fumo, uso exagero de álcool, consumo de drogas, estresse, sedentarismo e hábitos alimentares prejudicam a saúde, de modo geral, e isso acaba interferindo na sua fertilidade”, esclarece Condesmar.
Anticoncepcionais
O especialista garante que os anticoncepcionais não prejudicam a fertilidade da mulher quando ela deixar de usá-los. “Eles evoluíram muito, não tem mais as doses que tinham antes. É muito comum a mulher que tomou pílula durante cinco anos e, quando para de tomar, consegue engravidar depois de dois ou três meses”, explica. “O problema são os hormônios usados sem o acompanhamento médico, em excesso, ou remédios para perder peso. Esses, sim, afetam a fertilidade, completa.
Novas tecnologias na reprodução assistida
Condesmar Marcondes Filho participou de um trabalho científico cujos resultados foram apresentados no Congresso Europeu de Reprodução Humana, este mês, em Milão (Itália). O trabalho relata a eficácia da avaliação genética dos embriões, que melhoram os resultados das fertilizações. “Sem agredir o embrião (não-invasivo) é possível analisar em laboratório todas as características dele e definir a qualidade dele. “Com isso é possível transformar uma mulher de 40 anos, com embrião de boa qualidade, em uma mulher de 30 anos”.
Bebê de proveta
Desde o nascimento de Louise Brown, que completou 44 anos em 25 de julho, mais de 8 milhões de bebês de proveta nasceram ao redor do mundo, segundo dados divulgados em 2018 pela Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE).
No Brasil, o primeiro nascimento resultante de uma fertilização in vitro, aconteceu em 1984, em São José dos Pinhais, Paraná, em 1984. Entre 2012 e 2019, foram mais de 265 mil ciclos de fertilização in vitro realizados no país, segundo o 13º Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões, o último divulgado pela ANVISA no início de 2020.
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