Num movimento surpreendente e louvável, o SBT tirou do ar o programa policial comandado por José Luiz Datena e anunciou a volta da programação infantil diária. Em meio a uma tevê aberta cada vez mais tomada por notícias policiais, sensacionalismo e programas de auditório repetitivos, ver um canal apostar nas crianças é um sopro de esperança — e de responsabilidade social.

Durante décadas, a televisão aberta brasileira foi espaço privilegiado para os pequenos. Programas como Globinho, Bambalalão, TV Colosso e Castelo Rá-Tim-Bum marcaram gerações com produções que mesclava com maestria entretenimento, desenhos animados (ou bonecos) e também educação. Mesmo os programas mais voltados à pura diversão, como Xou da Xuxa, Angélica, Bozo, marcaram época e são lembrados até hoje com carinho pelos fãs.

Mas com o tempo, a publicidade infantil sofreu restrições, o interesse comercial murchou e a criançada foi sendo empurrada para os canais pagos e, mais recentemente, para os streamings. O problema? Grande parte das famílias brasileiras ainda não tem acesso a esses serviços. Dados recentes mostram que milhões de lares no país dependem exclusivamente da TV aberta como fonte de informação e entretenimento.

A nova faixa infantil do SBT terá duas horas – das 9 às 11 da manhã. Ainda não foi divulgado o nome do programa. O último infantil do SBT foi o Bom Dia & Cia, que teve entre seus apresentadores Maisa Silva, Yudi e Priscila, Eliana e Jackeline Petkovic e saiu do ar 2022 por causa da baixa audiência e também do faturamento insuficiente.

A iniciativa do SBT é muito mais do que nostálgica. É necessária. Oferecer conteúdo lúdico, educativo e seguro para as crianças é um dever que os grandes meios de comunicação não podem continuar negligenciando, tenham ou não ganhos financeiros com isso. Que essa mudança inspire outros canais e traga de volta à TV um público que nunca deveria ter sido deixado de lado.