A saída de Bolsonaro e a entrada de Lula no Planalto representaram uma mudança gigantesca para o Brasil, tanto no campo interno, como externo.
O episódio dos Yanomamis talvez seja o exemplo mais significativo, mas é bom constatar, também, que o atual presidente não só foi vacinado como incentiva a população a fazer o mesmo.
O antecessor não só era contra a vacina como insinuava que quem a tomasse poderia virar jacaré ou contrair doenças.
Mas também é fato que tanto Bolsonaro como Lula são vítimas de um mesmo mal que desgraça o país: o maldito Centrão, políticos que comandam o Congresso e estão lá, na verdade, para defender seus próprios interesses e de seus amigos.
Bolsonaro assumiu em 2019 cantando de galo, fazendo pouco caso do Centrão – teve até musiquinha da patota – “se gritar centrão, não fica um meu irmão” -, imortalizada pelo general Heleno, militar cupincha do mito.
Não demorou muito para Bolsonaro cair no colo do Centrão. Foi obrigado para afastar o fantasma do impeachment e ter apoio no Congresso a um custo de bilhões de reais, via orçamento secreto.
Com pouco mais de dois meses de governo já deu para perceber que Lula é vítima do mesmo processo.
A subserviência ao Centrão ficou evidente no episódio dos escândalos envolvendo o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil).
Para quem não sabe, Juscelino era um inexpressivo deputado federal eleito pelo Maranhão, que não entende nada de comunicações. Ele entende mesmo é de cavalo. Tanto que seu único projeto como parlamentar foi a criação do Dia do Cavalo.
Os últimos escândalos envolvendo o dito cujo, que vão do uso de avião da FAB para participar de um leilão de cavalos de raça, diárias indevidas em hotel e a liberação, ainda como deputado, de verba milionária para asfaltar com dinheiro público, fazendas da família, deixaram o parlamentar em uma situação vexatória.
Na linguagem popular, Juscelino Filho está “mais sujo que pau de galinheiro”, mas, em se tratando de Brasil, nada de novo no front.
Diante de tantos escândalos, Lula chegou a ameaçar o ministro de demissão. Foi quando o presidente da Câmara, Arthur Lira, lembrou ao presidente que Juscelino é da patota e que o governo não tem votos suficientes no Congresso para aprovar o que deseja.
Lula assimilou o recado e manteve Juscelino, é claro.
Tadinha da GleisiHoffman, presidente do PT, que achou que Lula poderia demitir Juscelino. A exemplo de muitos bolsonaristas, Gleisi vive no mundo paralelo do PT.
Faz parte do show.
Está muito claro que no atual sistema o presidente, seja quem for, pode muito, mas não pode tudo.
Quem pode tudo é Arthur Lira, o porta-voz do Centrão.
Pobre Brasil.