A voz da consciência

Liderança ou neutralidade?

22/02/2025 Bruno Oliveira
Liderança ou neutralidade? | Jornal da Orla

Eu não ia escrever sobre a eleição em Santos, mas em uma matéria aqui no jornal da orla sobre liderança política, com a imagem do atual deputado federal Paulo Alexandre Barbosa dando conta de que ele teria sido um fator decisivo para a eleição do prefeito Rogério Santos, me convenceu do contrário. Concordo que ele seja uma liderança política local, regional e por que não dizer,
no Brasil? Afinal, a onda que acompanhei em 2012 em torno do seu nome na eleição municipal, para mim, foi um fenômeno eleitoral. Mas a eleição de 2024 teve outros fatores.

Eu explico por que não ia escrever sobre o processo eleitoral municipal de Santos: simplesmente porque acompanhei a distância e não teria elementos suficientes para fazer qualquer tipo de comentário. A eleição municipal de Santos em 2024 foi influenciada por diversos fatores complexos que levaram à vitória do prefeito Rogério Santos. Um elemento chave foi a ausência de apoio explícito do governador Tarcísio de Freitas a qualquer candidato. Essa ausência, combinada com a estratégica filiação de Rogério Santos ao Republicanos, partido do governador, criou um vácuo de poder que beneficiou o prefeito.

Eu tenho por princípio, por acompanhar várias campanhas de dentro, já que fui filiado a partido e trabalhei ao lado de políticos, não acreditar em pesquisas eleitorais que são divulgadas no decorrer da campanha. Por que? Eu entendo que as pesquisas eleitorais só servem para duas coisas: dar um sentimento de “já ganhou” para quem está na frente e desmotivar a quem está atrás. Eu prefiro acreditar em buscar a vitória sempre ou, se não vencer, sempre é possível tirar uma experiência positiva de uma campanha eleitoral. A influência do governador foi decisiva, mesmo sem um endosso direto. A priorização da reeleição de Ricardo Nunes em São Paulo pelo governador Tarcísio de Freitas, em detrimento de um apoio mais ativo em Santos, impactou significativamente a eleição. Essa falta de apoio, somada à filiação estratégica
de Rogério Santos ao Republicanos, contribuiu para sua vitória. A escolha de Audrey Kleys como vice-prefeita na chapa de Rogério Santos foi uma jogada estratégica para ampliar seu apelo eleitoral. Kleys, figura popular em Santos com experiência como vereadora e secretária, e filiada ao partido Novo, trouxe à campanha uma imagem de modernidade e renovação, atraindo eleitores que buscavam alternativas aos partidos tradicionais. Essa aliança reforçou a imagem de Rogério Santos como um líder capaz de unir diferentes grupos políticos. A influência de Paulo Alexandre Barbosa, com seu histórico de dois mandatos como prefeito e seu papel na sucessão de seus sucessores, é inegável. Sua liderança e capacidade de mobilização são fatores cruciais no cenário político santista.

O resultado da eleição, na verdade, já era o esperado, porque independente de quem seja o prefeito ou prefeita em exercício, é o favorito<a> a ganhar a eleição que disputa. Por quê? Enquanto se desenha o cenário eleitoral no município com apresentação de nomes etc., esse<a> já tem resultados para apresentar à população em todas as áreas da administração pública. Então, o resultado é mais do que natural.

A estratégia de Rosana Valle de se associar ao ex-presidente Jair Bolsonaro, apesar de inicialmente promissora, mostrou-se limitante devido à inelegibilidade de Bolsonaro e sua ausência do poder executivo. Apesar da derrota, Rosana Valle permanece como figura importante na política da Baixada Santista, com vasta experiência e reconhecimento na região. A eleição de Santos ilustra a complexa dinâmica política local e as estratégias empregadas pelos diferentes atores.
A atuação da mídia também exerce uma influência significativa, ainda que indireta, no processo eleitoral. A lei eleitoral exige que candidatos se afastem de seus programas para concorrer, o que, por si só, gera uma dinâmica de visibilidade e reconhecimento.

Essa influência, apesar de indireta, não deve ser menosprezada. A negação do prefeito reeleito sobre a existência de um “sistema” de influência política, contrastando com a presença de jornalistas em sua campanha que criticavam a adversária, levanta questionamentos sobre a imparcialidade da mídia e sua influência no processo eleitoral. A participação de jornalistas em campanhas políticas evidencia a complexidade dessa relação.

A agressividade da campanha, embora comum, é lamentável. A polarização e os ataques pessoais criaram um clima de tensão que pode desestimular a participação do eleitor. A estratégia de Rosana Valle de se posicionar como candidata bolsonarista, em um contexto de forte polarização, pode ter gerado rejeição e contribuído para a agressividade da campanha.
Em uma entrevista que realizei com o ex-vereador Antônio Carlos Banha Joaquim, ele destacou a necessidade urgente de uma reforma política que proteja o eleitor. Um dos pontos cruciais levantados foi a questão dos deputados federais que deixam seus mandatos para concorrer a outros cargos, como prefeito, no meio do mandato. Banha Joaquim sugeriu uma solução interessante: dividir as eleições em duas datas, ambas em feriados nacionais. Uma data para as eleições legislativas <vereador, deputado estadual, deputado federal> e outra para as eleições executivas <prefeito, governador, presidente, senador>. Ele propôs, por exemplo, o dia 7 de setembro para as eleições legislativas e o dia 15 de novembro para as eleições executivas, tudo no mesmo ano. Essa proposta visa a evitar interrupções nos mandatos e garantir uma maior dedicação às funções. Um debate político mais respeitoso, focado em propostas e soluções, é fundamental para fortalecer a democracia.

“Por que que eu digo que prefeito Rogério Santos ganhou a eleição ainda na campanha quando se filiou, ao partido do governador Tarcísio de Freitas estou falando do República por quê em tese foram dois candidatos que dividiram o mesmo campo político isso fez com que a deputada Rosana Valle não pudesse progredir dentro do eleitorado que estava teoricamente representando e eu confesso que quando eu li a notícia de que o prefeito tinha deixado o partido da social democracia brasileira para estar no partido do governador Tarcísio de Freitas o republicanos, eu entendi como uma jogada curiosa acho que poderia funcionar no cenário político eleitoral municipal em 24 não posso dizer que Prefeito seja conservador na verdade eu posso dizer nem que que que a deputada federal Rosana Valle seja conservadora você não é político de cada campanha eleitoral na verdade ele é circunstancial então não dá para identificar a ideologia de quase ninguém entende o que eu digo? mas o fato é que o prefeito reeleito Rogério Santos ganhou a eleição na pré-campanha Por que como é que poderia apoiar uma candidata teoricamente de oposição ao prefeito se o partido do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas tem o comando da prefeitura atualmente então na minha opinião a ausência do governador Tarcísio de Freitas na campanha eleitoral municipal em Santos em 2024 foi um fator decisivo para o resultado da eleição.