
“Artistas são empresas”. Esse é o pensamento central do workshop ‘Cantautoras de São Paulo’ que Jacque Falcheti, realiza por várias cidades do Estado. Como em qualquer negócio, a cantora e compositora destacou que é preciso investir tempo, dinheiro e dedicação, além de saber onde aplicar os recursos da melhor forma. Falcheti, que já se apresentou por 16 países, aprendeu – na prática – como organizar a própria carreira para poder viver de sua arte.
Jacque, que esteve em Bertioga, no final de janeiro, contou como abriu mão de tudo para focar em sua música, assumindo não apenas o papel de artista, mas também de gestora de sua carreira. “Mostro exatamente isso: a importância da autonomia na música e como o planejamento e estratégias bem definidas tornam possível construir uma carreira alinhada aos próprios valores e aspirações”, diz.
O termo “cantautora” é o feminino do neologismo “cantautor”, composto pelas palavras cantor e autor. O termo é utilizado no português lusitano para designar os artistas que escrevem, compõem e cantam suas próprias canções.
A trajetória de artista independente e nômade começou logo após o término da faculdade de música. Determinada a entender os trâmites mais burocráticos da profissão, começou a conversar com artistas que já viviam disso. Ela conta que sua inscrição no primeiro edital – documento que divulga a seleção de projetos culturais – foi inspirado no material de uma amiga. “Estudei, perguntei, estudei mais e consegui fazer meu próprio edital”.
INDO ATÉ O POVO
Jacque tem percorrido o litoral paulista em um motorhome (veículo que combina transporte e acomodação) para divulgar seu trabalho solo ‘Crua’. Para esse projeto, ela foi atrás de patrocínio com uma empresa para transportar sua equipe. Para o projeto atual, ela foi atrás de patrocínio com uma empresa para transportar sua equipe.
“Quais são as pessoas que eu quero atingir? Às vezes, tocar em um lugar menor, com menos pessoas, vai ser melhor do que um espaço com muita gente que, muito provavelmente, não é meu público. Quero que as pessoas se conectem com meu trabalho”, complementou.
PACIÊNCIA
“Uma grande ideia demora para ser realizada. É preciso paciência e muita organização, porque a finalidade de um projeto artístico é crescer e evoluir”, afirmou. Ela usa como exemplo o planejamento do segundo álbum solo, que já está em andamento, há algum tempo, seguindo a lógica de pensar os produtos e suas estratégias de desenvolvimento com antecedência.
APRENDIZADO
Na plateia, a cantora independente bertioguense, Grazy Araújo, comentou que o workshop foi esclarecedor e ajudou a abrir novos horizontes para sua realidade musical. “Levar música para as pessoas é algo que me faz feliz. Tenho novos projetos em mente e estou animada para tirá-los do papel. Meu esposo também é músico, trabalhamos juntos e fazemos nossa própria gestão”, disse.
Artistas da Baixada gerenciam as próprias carreiras
Gerenciar a própria carreira dá mais trabalho, porém é mais vantajoso. Essa é a visão de Kika Willcox e Carol Germano, duas cantoras da região que, há muito tempo, optaram por cuidar de seus negócios, do que contratar um especialista.
Willcox tem uma carreira consolidada há mais de 30 anos e, em paralelo às questões de contratos e apresentações, está a frente de uma escola de canto em Santos. “Na minha carreira solo, sempre cuidei de tudo. Mas quando cantei em dupla com meu irmão Igor, tivemos um agente. Foi a pior experiência possível”.
Vocalista das bandas “Music Box” e “Just Dance”, Carol Germano divide a administração da banda com outros dois integrantes. “Um cuida da manutenção dos instrumentos, outro da parte de contratos e pagamentos. Eu fico responsável pela divulgação”.
As cantoras enfatizam a importância de estudar sobre música e administração e ficar sempre atualizado, principalmente quem está iniciando no ramo. “Tem que ter base para saber como e onde atuar. Escolher um estilo, conhecer o público que tem afinidade ao seu trabalho e nutrir bons relacionamentos”, aponta Willcox.
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