Fabíola Cidral apontou a postura estrela-guia aos profissionais de comunicação no oceano conturbado da revolução digital.
A noite de segunda-feira (04/11) marcou o início das comemorações dos 70 anos do curso de Jornalismo da Universidade Católica de Santos. Uma marca: um dos mais antigos e tradicionais do país. Uma grife: profissionais de grande expressão se formaram e se formam ali.
A comemoração teve dois momentos. No primeiro, a assinatura de um convênio entre a universidade e este Jornal da Orla, que há mais de 50 anos mantém uma distribuição semanal gratuita nunca interrompida, nem durante a pandemia. Estudantes e professores vão ter a vitrine da edição impressa e das plataformas digitais do JO para a exposição de conteúdos produzidos nessa parceria. Os alunos, para um impulso inicial na carreira. Os mestres, para uma disseminação de conhecimento fora dos muros da universidade, aprofundando questões da vida litorânea e brasileira.
No segundo momento, uma palestra da jornalista Fabíola Cidral, apresentadora do principal portal do país, o UOL.
A justaposíção dos dois momentos trazia uma coincidência muito feliz. A jornalista era ali duplamente prata da casa: formada na Católica, teve o primeiro emprego no Jornal da Orla.
A palestra representou uma injeção de jornalismo na veia. Injeção, aliás, extremamente necessária neste momento em que o jornalismo tem dificuldades para encontrar fontes de sustentação financeira e enfrenta uma campanha de descrédito e a concorrência dos recortes e das notícias falsas das redes sociais.
Intensa e entusiasmada por natureza, Fabíola Cidral pontuou, com simplicidade e agudeza, a postura que deve servir de estrela-guia aos profissionais de comunicação neste oceano conturbado da revolução digital.
Começa pela humildade e pela garra absolutamente necessárias no garimpo dificílimo das primeiras oportunidades da carreira e na continuidade dela.. Ela contou que, para redigir aqueles pequenos textos dos anúncios classificados do jornal, fazia questão de entrevistar o anunciante para descobrir a informação essencial.
Destacou também o respeito com que jornalistas devem tratar qualquer pessoa entrevistada, por mais que discordem das ideias dela. Revelou que na preparação meticulosa para a entrevista com Pablo Marçal na campanha eleitoral, esse respeito que aflorou pelo entrevistado e pelos eleitores dele foi fundamental para a qualidade do resultado.
Dois outros pontos importantes que Fabíola Cidral assinalou são o da abertura para o novo e o da coragem para imprimir uma marca pessoal no trabalho. Importantes para estudantes, mas também para veteranos do jornalismo.
Sobre o olhar para o novo, ela contou que já fez dois cursos para operar Inteligência Artificial. E que a IA foi muito importante na preparação para entrevistar Datena, também na campanha eleitoral,, na pesquisa de contradições em declarações e no programa de governo.
A parte mais bonita da palestra aconteceu no final. Uma estudante perguntou o que de mais importante para a carreira ela tinha levado da universidade. E Fabíola Cidral, depois de pensar um pouco, respondeu que era o amor pelo jornalismo que os professores transmitiram. Citou especificamente Dirceu Fernandes Lopes, Tecris, João Batista e Paulo Bornsen.
Dardo certeiro. No centro do alvo. Na transmissão desse amor pela aventura de ser jornalista, o segredo desse sucesso maiúsculo de 70 anos.
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