Fronteiras da Ciência

Iluminando

29/11/2024
Iluminando | Jornal da Orla

Ela era jovem. Após o dia de trabalho, enfrentava as aulas na faculdade.

O problema era que o ônibus que a conduzia ao bairro onde residia, era o último da noite.

Quase sempre, ela chegava ao ponto final, próximo à meia-noite. Os poucos que faziam o mesmo trajeto, eram-lhe a companhia até próximo a sua casa.

Naquela noite, no entanto, ela foi a única e última passageira. Não havia luar e, para piorar a situação, percebeu que todo o bairro estava em completa escuridão.

Ocorrera algum problema na energia elétrica e nenhuma pequena lâmpada iluminava o mínimo que fosse.

Ela precisava atravessar um bosque para alcançar a rua onde morava. O pavor tomou conta dela.

Pôs-se a correr, segurando fortemente a bolsa e os cadernos.

O coração parecia querer saltar do peito.

Então, escutou soar uma buzina forte, vinda da pista de onde viera.

Lá na estrada permanecia o ônibus, com os faróis acesos, totalmente imóvel.

Percebendo a situação arriscada da jovem, o condutor não seguira seu caminho. Àquela hora estava ansioso para retornar ao lar, depois das horas estressantes de trabalho.

No entanto, permanecia ali, solidário, esperando que ela atravessasse o bosque e alcançasse a rua.

Ao se voltar e se dar conta do cuidado daquele motorista, acenou para ele.

Apressou o passo e logo alcançou sua casa, bem na esquina da rua.

Os faróis, na distância, brilhavam na escuridão.

Voltou-se novamente e, então, somente então, o motorista partiu ao terminal rodoviário, em seu final de turno.

Jamais haviam ido além de cumprimentos. Jamais haviam entabulado qualquer diálogo.

Ele era simplesmente o motorista, conduzindo passageiros. Ela, uma das habituais usuárias.

Mas, naquela noite, o profissional não deixou de enxergar, naquela circunstância, numa jovem sozinha, na escuridão, carecendo de apoio.

E se dispôs a iluminar o caminho escuro, a aguardar que ela chegasse ao seu destino.

Foram somente alguns minutos, é verdade. Mas foi um gesto além do dever. Gentileza de quem tem coração que percebe as necessidades do seu semelhante.

Um coração que, possivelmente, tenha pensado que poderia ser alguém do seu círculo familiar e ele prezaria que alguém lhe dissesse, mesmo sem palavras: Estou aqui, olhando por você.

[com base em texto de Patrícia Carvalho e na Red. do Momento Espírita]

Para os que temos olhos abertos ao nosso redor, sempre encontraremos oportunidade de auxiliar nas circunstâncias necessárias.