
Completar quatro décadas de melodias que trazem uma sonoridade acústica rústico-caiçara e a experiência em diversas causas sociais e ecológicas não é para qualquer um. Para celebrar esse marco, o grupo ‘Pau a Pique’ realizará o evento ”40 anos em 40 canções”, hoje (20), a partir das 15 horas, no Instituto Arte no Dique (Av. Brigadeiro Faria Lima, 1349 – Radio Clube), com entrada gratuita.
Além da apresentação, o público terá acesso a um compêndio musical (songbook) com letras e cifras de composições da banda ao longo dos anos. Os músicos fizeram uma seleção minuciosa para usar apenas 40 canções das 200 músicas autorais. O material vem acompanhado de um glossário com 208 acordes únicos e um total de 366 cifras.
A ideia do compêndio veio de um dos fundadores do grupo, Antonio do Pinho, quando percebeu que tinham muito material que não poderia ser perdido. “Para salvar essas músicas eu precisava pôr em letras e cifras, para a pessoa poder tocar no violão. Começamos a fazer a seleção para não ficar tão cansativo. Das 200 músicas que temos, resolvemos pôr 40 e dividir em volumes. Inclusive, esse é o primeiro [volume]”, disse.
Para Vieira Vivo, integrante da banda, o evento é a celebração de uma vida. Com início na década de 80, com o grupo Picaré, formação original e grande destaque na história da cultura santista, os músicos passaram por poucas e boas durante esse período. “Muitas músicas foram censuradas. Tivemos um show no Sesc, na época, em que a Polícia Federal invadiu e nos proibiu de cantar. Depois disso, sobrevivemos praticamente no subterrâneo da cultura, nos apresentando somente lançamentos de livros e eventos culturais. Agora, 40 anos depois, estamos lançando o primeiro volume do compêndio musical. É surpreendente”.
A relação do grupo com a música sempre esteve atrelada à luta social, com apresentações em protestos, como contra o fechamento da Rhodia em 1993, a instalação de uma usina termelétrica e o assassinato de Chico Mendes. “Eu acabei liderando, sem querer, uma passeata contra a morte dele. Eu, meu violão e três engraxates. Saímos na primeira página do jornal, quanta ironia! Foi completamente ocasional”, relembra.
E o nome do compêndio, ‘O Canto do Meio’, carrega um significado para os integrantes do Pau a Pique. “Colocamos esse nome por conta do paradoxo que ele gera. Para as pessoas pensarem qual canto estamos falando, quando, na verdade, estamos falando do ‘meio ambiente’ e tiramos a última palavra. Esse nome se refere ao Nandereko, ou lugar bom de morar, lugar onde se vive. É o canto do lugar em que vivemos”, explica Antônio do Pinho. O lançamento do songbook traz a imersão na sonoridade do ‘Pau a Pique’ e uma surpresa especial para o público!
NOVA FORMAÇÃO
Hoje, o grupo tem seis integrantes, incluindo Pinho e Vivo, dois dos três fundadores. Com uma proposta acústica e rústica, o grupo reforça sua identidade caiçara e sua conexão com as raízes da música popular brasileira, equilibrando tradição e inovação sonora com combinações poéticas, ritmos variados e instrumentos como violão, escaleta, pandeiro, triângulo e rawé (rabeca), este último tocado por um legítimo Guarani.
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