Saúde

Família denuncia descaso em UPA de Santos

20/02/2025 Glauco Braga
DIVULGAÇÃO/PMS

As fortes chuvas desta noite de terça-feira e a suposta “distração” de dois funcionários da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Zona Noroeste por pouco na custaram a vida da aposentada Ivanilde de Andrade Chagas, de 87 anos.

Ivanilde sofre de “Insuficiência Cardíaca Congestiva”, que acontece quando o coração não consegue mais bombear sangue corretamente, o que diminui o transporte de oxigênio para os tecidos, resultando em sintomas como cansaço, falta de ar e aumento dos batimentos cardíacos.

De acordo com informações da família, foi a primeira vez que foi levada à UPA em casos de emergência. Ela é sempre levada pelo Samu direto ao PS da Santa Casa, pois os filhos pagam o Plano de Saúde do hospital. “Ela estava há mais de um ano após sua última internação, estável, fazendo uso de medicamentos cardíacos e outros, sem nem precisar do uso de oxigênio em casa, estava bem”, disse o filho dela Rodrigo Andrade Chagas.

Como a aposentada não estava bem na noite de terça-feira e as fortes chuvas estavam caindo na Cidade, a família decidiu chamar o Samu e levá-la à UPA. ” A gente temia que ficaríamos presos no trânsito levando em risco à vida dela. Ela estava dentro da ambulância com o catéter de oxigênio, com a respiração desconfortável. Ao chegarmos na entrada de emergência, onde a ambulância iria estacionar de ré, para que ela fosse atendida pela equipe médica e enfermeiros, havia dois carros estacionados de funcionários, possivelmente médicos, impossibilitando termos acesso. A ambulância ficou no meio da rua, o motorista do Samu pedindo que retirassem o carro, o tempo passando, minha mãe entrando em processo de sofrimento, desfalecendo pela falta de oxigênio, embora estivesse com a máscara, mas estava se agravando, necessitando de procedimentos mais invasivos”, afirmou Chagas.

Os apelos não surtiram efeito para que os veículos fossem retirados pelos donos. “Eu, desesperado, abri a porta da ambulância com água pelo joelho, e clamando que ajudassem a retirar minha mãe de dentro da ambulância para ser atendida de urgência. Tinha a maca do Samu, mas era impossível andar com ela devido à grande quantidade de água. Foram seis pessoas usando uma lona de transporte para retirar ela de lá, com muito medo de cairmos e minha mãe ir para a água. Entramos por um corredor com muita água, escorregadio. Não dava para passar uma pessoa ou maca por onde os carros estavam estacionados”, destacou o aposentado

Chagas revelou que a UPA inteira tinha água, que a Sala de Emergência estava um caos. De acordo com ele, a equipe da unidade hospitalar estava fazendo o possível e que havia risco de choque com tantos aparelhos. “Foi perdido um tempo que pode ter sido crucial para a vida da minha mãe, não sabemos as sequelas que terá devido esse tempo em que ficaram tentando localizar esse médico no qual não apareceu para a retirada do veículo. Horas depois foi retirado, quando minha mãe já estava sendo entubada, tamanha era a falta de ar, e já havia perdido a consciência”

Às 5 horas da manhã de quarta-feira, a ambulância do plano de saúde de Ivanilde foi fazer a remoção dela mãe para o Hospital Beneficência Portuguesa. “Ela está entubada e o estado dela é grave, segundo o boletim médico desta quarta.

“Que existem catástrofes naturais, não estamos livres, entendemos, mas um médico para salvar o seu carro, colocar em cima da rampa de acesso de emergência, impossibilitando a ambulância estacionar? Isso é inadmissível”, desabafou Chagas. A família garante que não foi procurada por alguém da Prefeitura dar um explicação sobre o fato.

Sem resposta

A Organização Social InSaúde (Instituto Nacional de Pesquisa e Gestão em Saúde) assumiu o controle de duas Unidades de Pronto Atendimento em Santos no dia 1º: a UPA Central e a UPA da Zona Noroeste estão sob o comando da OS. A reportagem do Jornal da Orla procurou a organização para levar a denúncia, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. A Secretaria de Saúde de Santos informou que todas as questões referentes à UPA da Zona Noroeste devem ser tratadas com InSaúde. O valor estimado do contrato para a gestão das unidades, conforme edital divulgado pela Prefeitura de Santos, chega ao montante máximo de R$ 34,9 milhões por ano.