Cena

Exposição na Pinacoteca debate urgência ambiental

13/03/2025 Isabela Marangoni
Victor Moriyama

A urgência da pauta ambiental é destaque, a partir de amanhã, em exposição na Pinacoteca Benedicto Calixto, em Santos. A mostra ‘Amazônia, Terra em Transe’, do fotógrafo Victor Moriyama, como parte da 3ª edição do projeto Arte na Pinacoteca. A mostra estará aberta ao público a partir de amanhã (14) até 20 de abril.

Mais do que uma experiência artística, a exposição propõe um diálogo profundo sobre as urgências do nosso tempo. Historicamente vista como um símbolo de abundância, a Amazônia se tornou palco de conflitos socioambientais de grandes proporções.

A mostra se torna ainda mais relevante neste ano emblemático, em que o Brasil sedia a COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), em Belém do Pará. Com imagens que transcendem discursos oficiais e números frios ‘Amazônia, terra em transe’ convida o público a refletir sobre o impacto humano na floresta e as lutas de seus povos originários.

A escolha de Victor Moriyama para participar do projeto não foi por acaso. O fotógrafo documenta a Amazônia a partir de seus protagonistas: indígenas, ribeirinhos e comunidades tradicionais que vivem, em primeira mão, as consequências da devastação ambiental. Suas imagens não apenas registram, mas denunciam, emocionam e provocam.

“O que está acontecendo na Amazônia afeta o mundo inteiro. É uma questão global, e minha missão é amplificar essas vozes e essas paisagens que estão desaparecendo diante dos nossos olhos”, afirma Moriyama.

ARTE COMO MANIFESTO

As fotografias funcionam como um manifesto visual. Elas exploram a relação entre progresso e destruição, dando visibilidade à resistência das populações indígenas e ribeirinhas na defesa de suas terras e culturas.

Ao longo da história, a Amazônia foi retratada como um paraíso de recursos inesgotáveis, uma visão que a exposição busca desconstruir. A mostra evidencia as consequências do desmatamento, das queimadas e da exploração ilegal, desafiando narrativas coloniais que sustentam a exploração da floresta.

Além do impacto ambiental, ‘Amazônia, terra em transe’ propõe uma reflexão sobre os discursos de poder que moldaram essa região. Inspirada na arte engajada, a exposição questiona representações eurocêntricas da floresta e destaca o protagonismo dos povos indígenas na luta pela preservação ambiental.

“Não se trata apenas de registrar imagens. É sobre dar visibilidade a histórias que muitas vezes são ignoradas, sobre criar pontes entre realidades distantes e provocar mudanças”, reforça o fotógrafo.

JORNADA IMERSIVA

A exposição se desdobra em uma experiência sensorial e reflexiva, conduzindo o visitante por diferentes facetas da Amazônia – de sua riqueza natural e espiritual aos impactos da destruição ambiental. Cada sala oferece uma imersão nesse universo complexo, onde beleza e ameaça coexistem.

No primeiro espaço, um mosaico vibrante apresenta a biodiversidade amazônica e sua conexão espiritual com os povos tradicionais. Ao mesmo tempo, evidencia os primeiros sinais de manipulação. Em seguida, o olhar se aprofunda sobre os danos causados pela exploração humana. O visitante se depara com imagens contundentes da perda de equilíbrio da floresta, com foco no desmatamento.

O terceiro ambiente é um tributo à resistência. O espaço homenageia a biodiversidade e os povos indígenas, destacando a relação ancestral entre comunidade e natureza.

A mostra se encerra em uma atmosfera densa e impactante. Em um espaço escuro, imagens dramáticas revelam queimadas, destruição e os efeitos da exploração predatória. Um vídeo complementar reforça a urgência da preservação.

Ao longo do percurso, a exposição transforma a Amazônia em narrativa, revelando suas camadas de exuberância, vulnerabilidade e luta pela sobrevivência.