Política & Conversa

Exemplo didático

14/06/2024
Exemplo didático | Jornal da Orla

No fim de semana passado encontrei um amigo que prezo e respeito muito, mesmo tendo feito constantes críticas a seu governo. Encontrei o ex-Prefeito João Paulo Papa no Centro Histórico e conversamos sobre política. Sempre achei Papa um homem equilibrado embora teimoso em alguns aspectos. Se tivesse sido candidato na última eleição municipal, certamente teria posto fogo no parquinho mas preferiu não entrar na disputa por motivos pessoais.

Torno Papa o assunto de minha coluna porque fazer um raio x de sua trajetória política pode ser didático. Exercendo sempre cargos técnicos no setor público, Papa foi alçado a vice-prefeito no segundo mandato de Beto Mansur. Foi diretamente responsável pelo Alegra Centro, infelizmente enterrado na gestão de Paulo Alexandre, um processo de revitalização da região central que deveria e poderia ter continuidade. Apadrinhado por Beto como seu sucessor, muitos apostavam que era a escolha errada por um único argumento: não era político. Seu perfil técnico não era compatível com o momento polarizado que se vivia naqueles dias entre o PT ( Telma ) e a direita ( Beto ). Beto fez a campanha de braços dados com seu escolhido e levou a melhor por um placar apertadíssimo, com diferença de menos de 2 mil votos.

A curiosidade é que Papa aprendeu a ser político em seu primeiro mandato e foi reeleito no primeiro turno com muita folga. E dessa vez sem necessidade de padrinhos ou de constelação de partidos comprados. Isso prova que um técnico aprende a ser político se quiser e essa desculpa não pode ser usada o tempo todo para justificar teimosia e falta de visão.

Aprender exige estar de olhos abertos e livre de dogmas. Não ter vergonha de reconhecer que mudanças de rumo mostram coragem e não apenas admissão de erros. E que puxa-sacos, incompetentes e covardes devem ser mantidos longe, mesmo que se goste deles.