Você que gosta de pedir comida por aplicativo e receber no trabalho ou no conforto da sua casa? Então, pode se preparar para não conseguir fazer um pedido ou ficar esperando mais do que o normal. Os entregadores, que utilizam motos ou bikes, preparam uma paralisação para os próximos dias 31 de março e 1º de abril. O movimento pretende pressionar as plataformas de entregas de alimentos por melhores condições de trabalho e reajustes na remuneração. Somente na Baixada Santista são perto de 30 mil trabalhadores.
O movimento reivindica o estabelecimento de uma taxa mínima de R$ 10 por entrega; o aumento do valor pago por quilômetro rodado de R$ 1,50 para R$ 2,50; a limitação do raio de atuação das bicicletas a três quilômetros; e a remuneração integral de cada pedido quando múltiplas entregas são agrupadas em uma mesma rota. Os trabalhadores também pretendem denunciar práticas que consideram antissindicais, como incentivos financeiros dados por algumas empresas para desencorajar a participação dos entregadores no protesto.
A paralisação está sendo organizada pelas redes sociais, por perfis como @brequenacionaldosapps. A mobilização já conta com a adesão de 20 estados. Eddie Torres, liderança da categoria na região, disse que as maiores concentrações de entregadores (motos e bikes) estão em Santos, Guarujá, Cubatão, São Vicente e Praia Grande. “Em todas essas cidades nós vamos parar. Na próxima quarta-feira, vamos reunir as lideranças para entregar os adesivos para os dias das manifestações. Nossa categoria tinha 15 mil trabalhadores, em 2015, explodiu depois da pandemia e temos entre 28 e 30 mil hoje. São motoboys, motogirls, bikeboys e bikegirls”, disse Torres, que é secretário do Sindicato dos Mensageiros Motociclistas, Ciclistas e Mototaxistas da Baixada Santista (Sindimoto) e presidente da Associação dos Motoboys e Motogirls da Baixada Santista (Ambasa).
A organização do movimento na região espera mobilizar em torno de seis mil entregadores nos dois dias de paralisação. Desta vez, eles resolveram mudar a estratégia. “Todas as paralisações que nós já fizemos, sempre foram em final de semana, até para afetar a questão financeira das empresas. Mas, nós entendemos que uma plataforma dessas ganha, hoje, R$ 7 milhões. Se a gente parar dois dias, não vai fazer diferença alguma. Então, nós entendemos que atingir a imagem deles seria melhor. Então tiramos do final de semana e passamos para segunda e terça, porque o fluxo dos trabalhadores é menor, Também evitamos aquela briga com quem quer trabalhar no sábado e domingo porque precisa ganhar um dinheiro”, afirmou o sindicalista. Ele lembrou que 70% dos trabalhadores de aplicativo são empregados formais. “São porteiros, açougueiros ou outras profissões. E aí para poder complementar a renda, usa o final de semana. São essas pessoas que só trabalham sexta, talvez domingo, justamente só nesses dias, que não querem parar. Pretendemos conseguir que uns 20% parem, ou chegar nuns sete, oito mil entregadores”.
Para Eddie Torres, o problema da categoria é o da maioria dos trabalhadores do País: falta de consciência de classe. “Eles não querem saber de sindicato. Eu tenho uma facilidade porque eu trabalho na rua junto com eles. Então eles me veem todo dia. Sabem que eu sou de sindicato, mas sabem que eu sou trabalhador e converso ali na língua deles. Então, tem uma certa abertura e fica um pouco mais fácil”.
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