
Uma operação da Polícia Federal (PF) no Brasil e em Portugal prendeu sete pessoas e levou a 26 ações de busca e apreensão, uma das quais envolvendo empresário de Guarujá. A Operação Emergentes foi deflagrada na manhã de ontem. Com um mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça Federal, os policiais procuraram o empresário em sua residência e nos locais de trabalho. Ele mora fora do País e negou todas as acusações.
Dentre os alvos da operação, a partir de Cooperação Jurídica Internacional, cumpriu-se um mandado de busca e apreensão e um de prisão na Vila de Alcochete, em Lisboa, Portugal, onde foram apreendidos cerca de 30 mil euros (R$ 191,4 mil) em espécie, além de armas de fogo. Já nos endereços no Brasil foram apreendidos aparelhos celulares, computadores, joias (correntes aparentemente de ouro), cinco veículos, uma arma de fogo, dentre outros objetos de interesse da investigação. Além disso, houve determinação de sequestro e bloqueio de bens e valores, com a finalidade de descapitalizar a organização.
Na busca e apreensão, o objetivo é encontrar objetos que possam estar relacionados com as práticas delitivas, tais como drogas e petrechos utilizados para o tráfico, armas de fogo, munições, objetos de valor adquiridos com recursos obtidos por meio de infração penal e objetos materiais de lavagem/ocultação de capital, como dinheiro em espécie, joias, obras de arte, artigos de luxo, veículos, embarcações, documentos diversos relacionados aos atos de lavagem sob investigação, anotações, planilhas, mídias digitais, computadores, telefones celulares e quaisquer outros elementos de informação julgados aptos, pela autoridade policial, a elucidar os fatos investigados.
LIGAÇÕES
O empresário guarujaense foi envolvido na operação em razão de sua relação com um integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC). De acordo com a PF, todo o vínculo está ligado ao tráfico internacional de drogas e traz à baila a possível ligação com a facção.
A PF ressaltou que, a partir da quebra de sigilo telemático (informações digitais transmitidas e armazenadas em meios eletrônicos) do integrante da facção, foi possível identificar um vínculo de amizade entre ambos. Os agentes ainda citam, para comprovar a proximidade de ambos, viagem a Brasília (DF) para visitar órgãos oficiais juntos.
Os indícios colhidos na investigação demonstram que os alvos da operação policial atuam de forma associada para que ocorra inserção de drogas nos navios com uso de mergulhadores e o uso de seachest (rastreador) de navios com destino à Europa. A Operação Emergentes visa os associados do líder da Organização Criminosa, já anteriormente preso, e versa sobre tráfico internacional de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Durante o ano de 2024 foram apreendidas quase seis toneladas de cocaína no Porto de Santos, e, em 2025 até o momento, o montante é de quase 1,5 tonelada.
CASA
A Reportagem do Jornal da Orla apurou que a PF foi até a casa do empresário em Guarujá, na Praia das Astúrias, e na emissora de TV e rádio dele. Os policiais foram informados por familiares e também por funcionários que ele estava no exterior, para onde viajou no fim de outubro de 2024, com a atual esposa. A filha, de dois meses de idade, nasceu fora do Brasil.
O empresário foi procurado pela Reportagem para falar sobre as acusações que pesam sobre ele. Em contato telefônico, garantiu que não existe mandado de prisão contra ele, nada foi apreendido na sua casa e empresas pela PF e que não é mencionado na investigação. “Eu constava como averiguado num processo do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), que depois foi arquivado, pois sou amigo do Bruno, que está sendo processado. Não pegaram nem um chinelo na minha casa e empresas. Não existe nada contra mim. Isso está acontecendo porque eu sempre chamei de ladrão de ladrão”, disse.
SÓLIS
A investigação foi derivada da Operação Sólis, deflagrada em dezembro de 2021 pelo Gaeco do Ministério Público de São Paulo (MPSP) e do Espírito Santo, a partir da prisão em flagrante de suspeitos de tráfico internacional de drogas no estado capixaba. Os indícios colhidos na investigação demonstraram que os alvos da operação policial atuavam de forma associada para que mergulhadores contratados conseguissem inserir drogas em cascos de navios com destino à Europa.
O nome “Emergentes” refere-se aos alvos da operação, que estão começando a se sobressair na atividade do tráfico internacional de drogas na região da Baixada Santista.
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