A Yara Brasil Fertilizantes deu início, na terça-feira (11), a um processo de demissão de funcionários que atuavam na área de fosfatados em Cubatão. A empresa alega que serão 200 dispensas, número contestado pelo Sindicato dos Químicos da Baixada Santista, que garante que cerca de 600 trabalhadores foram desligados (300 diretos e 300 indiretos). Os fertilizantes fosfatados são usados para aumentar a produção agrícola, fornecendo nutrientes ao solo, para aumentar a produtividade das culturas e melhorar a qualidade dos alimentos.

Herbert Passos Filho, presidente do Sindicato dos Químicos, lembrou que esteve reunido com a empresa para tentar diminuir os impactos nas vidas dos trabalhadores. “Além dos valores previstos em lei pela rescisão, conseguimos mais alguns benefícios para amenizar os impactos. O setor químico está quase acabando. Acho que, dos demitidos, um ou outro voltará ao mercado e 80% deles não conseguirão ser recolocados”, disse o dirigente, que representa cinco mil trabalhadores na região.

O sindicalista lembrou que o setor químico vem sentindo a isenção de impostos de importação de adubos e fertilizantes há cerca de dez anos e, quem produz, chega a pagar duas vezes, por exemplo, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). “Isso está tornando a produção inviável. O pior é que não tem deputado estadual e federal, prefeito ou vereador interessado nessa situação”.

Ele lembrou que, hoje, 219 pessoas trabalham na Unidade 3 da Yara. O sindicalista ainda foi informado que, na Unidade 2, estão sendo preparadas cerca de 80 demissões, totalizando 300. “Na Yara, para cada trabalhador vinculado tem um terceirizado, então, são 600 dispensas mesmo”, declarou. Segundo ele, tudo que for na área de fertilizante fosfatado vai ser paralisado. Porém, a parte de nitrogenados, que funciona na unidade 2, continuará normalmente. A unidade 1 seguirá produzindo amônia, ácido nítrico e fertilizante de nitrogenado.

Ontem, nenhum terceirizado entrou na fábrica. Os trabalhadores foram colocados nos ônibus e retornaram para casa. A partir de hoje, eles vão ser chamados para iniciar o procedimento de dispensa, com a supervisão do Sindicato. A Yara já tinha feito outras 100 demissões no Brasil.

Empresa

A Yara informou que iniciou a hibernação da produção de fertilizantes fosfatados e ácido sulfúrico em Cubatão (SP) e Paulínia (SP), para concentrar-se em operações mais sustentáveis de longo prazo e focadas em sua atuação principal – produção de NPK e nitrogenados, além de frentes estratégicas como soluções de baixo carbono, neutralidade climática e agricultura regenerativa. Disse ainda que serão desligadas aproximadamente 200 pessoas no momento em Cubatão.

A Yara reiterou seu compromisso com a operação brasileira, que desempenhará um papel com mais foco na agenda de crescimento do agronegócio e do segmento industrial no país. Este movimento é impulsionado por iniciativas como o início da produção de amônia renovável em Cubatão, que segue entre as prioridades globais da empresa, bem como a recém-inaugurada expansão do complexo de Rio Grande (RS), que recebeu aportes de R$ 2,1 bilhões para dobrar sua capacidade de produção, mistura, ensaque e distribuição. O processo de hibernação tem a previsão de ser encerrado no final de 2025.

Aos colaboradores impactados, a empresa ofereceu, além dos direitos previstos em lei, um pacote de benefícios adicionais em negociação com os respectivos sindicatos. Esta decisão não afetará o fornecimento de fertilizantes ao mercado.

De acordo com a Yara, segue a produção de nitrogenados em seu Complexo Industrial de Cubatão. Sendo assim, as unidades 1 e 5 e a área de nitrogenados da unidade 2 seguem operando normalmente.

Prefeitura

A Prefeitura, por meio da Secretaria de Indústria, Porto, Emprego e Empreendedorismo está acompanhando de perto o processo anunciado pela Yara que envolve o fechamento de algumas de suas unidades no Brasil, incluindo Cubatão, e o desligamento de funcionários. Com o objetivo de minimizar os impactos para a cidade e seus habitantes, a Administração Municipal realizou reunião na manhã de ontem com os responsáveis pela unidade de Cubatão para entender as medidas adotadas e buscar alternativas que possam mitigar os efeitos dessa reestruturação no mercado de trabalho local. De acordo com a Prefeitura, a unidade da Yara desempenha papel fundamental no setor industrial regional e o fechamento representa impacto direto não apenas no emprego, mas também na economia da Cidade.