Economia

DP World aposta em nova identidade e expansão no Brasil

05/05/2025 Da Redação
Be News

A DP World está assumindo uma nova identidade no mercado brasileiro: de operadora portuária tradicional, passa a se apresentar como um operador logístico integrado, com soluções completas para o transporte de cargas porta a porta. O reposicionamento da marca foi a principal novidade anunciada durante a Intermodal South America, realizada no fim de abril no Distrito Anhembi, em São Paulo. Em entrevista exclusiva ao Jornal da Orla, o CEO da empresa no Brasil, Fabio Siccherino, falou sobre essa mudança e os próximos passos da companhia no país.

“Essa é a nossa 12ª participação na feira Intermodal. Acho que é uma oportunidade de trazer para os clientes tudo o que nós estamos investindo. Primeiro tem a ampliação da capacidade do terminal. Foi anunciado recentemente. A gente tem avaliado a possibilidade de outras expansões, mas acho que o nosso principal ponto é o reposicionamento da marca”, disse. “Sair de um operador de terminal portuário para um grande operador logístico porta a porta. Nós estamos com a estratégia de abrir novos escritórios, expandir a nossa presença no território brasileiro. Então, o grande motivo dessa feira para nós é a oportunidade de apresentar para o mercado essa transformação.”

A expansão mencionada por Siccherino diz respeito ao plano anunciado em março deste ano, com investimentos de R$ 450 milhões para ampliar a capacidade do terminal da empresa em Santos de 1,4 milhão para 1,7 milhão de TEU até 2026. A iniciativa está ligada a um novo acordo de longo prazo firmado com a Maersk, que prevê a operação de até sete serviços e dez escalas semanais no porto. Um segundo aporte, de R$ 1,6 bilhão, está em análise e pode elevar a capacidade para 2,1 milhões de TEU até o fim de 2027.

Quanto à mudança de posicionamento apresentada na Intermodal, ela está atrelada a uma ampla estratégia de crescimento no Brasil e no continente. Desde 2023, a DP World vem ampliando sua rede global de escritórios de agenciamento de cargas (freight forwarding), que já ultrapassa 150 unidades — 20 delas na América Latina. No Brasil, a empresa iniciou esse movimento com a abertura de escritórios em Santos e São Paulo em 2024, seguidos por unidades em Itajaí (SC) e Campinas (SP). Ainda em 2025, devem ser inauguradas as filiais de Curitiba (PR), Porto Alegre (RS) e Rio de Janeiro (RJ). Para 2026, estão previstas as aberturas em Manaus (AM) e Fortaleza (CE). A previsão é de geração de cerca de 150 empregos diretos no país.

Com isso, a empresa busca consolidar sua presença nacional e oferecer uma plataforma de logística integrada, que abrange transporte marítimo, aéreo, rodoviário, armazenagem, seguro internacional e desembaraço aduaneiro. A meta é movimentar, nos próximos cinco anos, aproximadamente 75 mil TEU por ano apenas em operações de frete.

De acordo com Siccherino, o desafio agora é disputar espaço em um mercado altamente competitivo e fragmentado. Ele avalia que a força da rede internacional da companhia pode ser um diferencial para crescer nesse ambiente. “O nosso grande desafio será como ganhar market share nesse mercado, que é extremamente competitivo, é bastante pulverizado.

Nós contamos com o footprint da DP World. Nós temos hoje presença em mais de 75 países, com mais de 80 terminais portuários. Eu acho que isso contribui para que nós possamos oferecer um serviço de valor agregado, no porta a porta para os clientes.”

Market share, ou participação de mercado, é o quanto uma empresa consegue conquistar em relação ao total movimentado no setor. Já footprint significa pegada, mas nesse contexto corporativo se refere à presença geográfica da companhia no mundo.

No Brasil, a DP World administra um dos maiores terminais privados do país, localizado na margem esquerda do Porto de Santos. Com área total de 845 mil m², a instalação tem capacidade atual de 1,4 milhão de TEU por ano, além de 5 milhões de toneladas de celulose.

NOVAS CONCESSÕES

Segundo o CEO, a empresa está atenta ao plano de concessões do governo federal e disposta a analisar novas oportunidades. “Nós percebemos que o Ministério de Portos tem anunciado uma série de novas concessões. É claro que a DP World está interessada em avaliar essas possibilidades. Nós entendemos que, uma vez que temos o terminal praticamente consolidado em Santos, com todas as cargas — contêiner, celulose, grãos e fertilizantes — abrimos agora uma nova oportunidade de avaliar terminais em outras regiões”, afirmou.

Entre os projetos observados pela empresa está o novo arrendamento do terminal de Itajaí. Mas acrescentou: “Temos olhado terminais em outras regiões. É claro que tudo depende do tipo de modelagem. Quando a documentação sai oficialmente, nós avaliamos se realmente existe interesse, se o investimento é atrativo”.