Saúde

Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo

28/03/2014Da Redação
Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo | Jornal da Orla
O autismo é um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento que recebeu destaque através da personagem Linda na novela global Amor à Vida, mas é bem mais comum do que se imagina. Estima-se que a síndrome atinja quase 2 milhões de brasileiros. No mundo, a ONU projeta em mais de 70 milhões de autistas.
 
Em Santos as atividades gratuitas começam neste sábado (29), às 14h, com palestra do editor da Revista Autismo, Paiva Jr., no Sesc (av. Conselheiro Ribas, 136, Aparecida). No domingo (30), às 15h, a nutricionista Barbara Scaparo fará sua explanação no Instituto Neo Mama (av. Joaquim Montenegro, 345, Ponta da Praia). Na segunda-feira (31) será apresentada a peça teatral ‘Velejar’ e exibido o filme ‘Até o fim’ no Cineclube Lanterna Mágica (rua Cesário Mota, 8, 5º andar, Boqueirão). Os ingressos são gratuitos e limitados e devem ser retirados no local.
 
Terça-feira (1º) haverá palestras do Grupo Acolhe Autismo nas escolas municipais Pedro Crescenti e Leonardo Nunes, na Zona Noroeste. E dia 2, às 10h, será realizada cerimônia comemorativa no salão nobre da Prefeitura. A programação segue até dia 6 com palestras, passeio de bonde, fotos artísticas, ioga e apresentações de dança e capoeira. A data integra o calendário oficial da cidade, instituída por lei no ano passado. 

Monumentos em azul
A data foi instituída pela ONU em 2008 visando chamar a atenção para uma sociedade sem discriminação e mais atenção ao transtorno do espectro autista (nome oficial do autismo). No Brasil e em diversas cidades do mundo pontos turísticos são iluminados na cor azul, a escolhida para representar o autismo. Por aqui, o azul vai cobrir o Cristo Redentor (no Rio de Janeiro), a Ponte Estaiada, o Monumento às Bandeiras, o Viaduto do Chá (todos em São Paulo) e o prédio do Senado em Brasília.  
 
O que é
O autismo é uma desordem neurológica que afeta o funcionamento do cérebro, comprometendo o desenvolvimento nas áreas de interação social e habilidades de comunicação. O transtorno pode atingir qualquer criança e é quatro vezes mais prevalecente em meninos do que em meninas. O autismo não tem cura e o tratamento é fundamental para que a pessoa se torne independente e tenha mais qualidade de vida.
 
A maioria dos autistas tem problemas de comunicação, interação social e comportamento repetitivo, porém o nível de comprometimento em cada uma dessas áreas varia imensamente. Segundo o neurologista Leandro Teles, a cada dia surgem descrições de formas mais brandas da doença, com inteligência normal ou acima da média, linguagem bem desenvolvida e sem estereótipos sérios. 
 
“Tais casos são de diagnóstico bem mais complicado e podem até passar despercebidos na sociedade. Por isso, muitos pesquisadores acreditam que possa haver muito mais gente dentro do espectro benigno do que dentro do espectro clássico, mas ainda sem diagnóstico”, observa.

Mitos e verdade sobre o transtorno

A pessoa pode gritar, espernear e provocar grande confusão ao redor 
Verdade – Qualquer criança pode fazer isso, mesmo sem autismo. O que ocorre é que muitos pacientes, principalmente os casos mais típicos e intensos, têm uma baixa tolerância a ambientes com muito estímulo e que não passam familiaridade. A psicóloga Cristiane Silvestre de Paula conta que isso acontece com algumas crianças, especialmente as que não têm acompanhamento ou cujo comprometimento é maior.
 
Há vários tratamentos que ajudam a melhorar os sintomas
Verdade – Como se trata de um transtorno muito heterogêneo, o tratamento deve ser sempre individualizado. De modo geral, são usados métodos multimodais, em que terapias se complementam de forma abrangente. “Não podemos nos esquecer de orientar a família, a comunidade e toda a sociedade, pois o preconceito, a falta de acolhimento e de oportunidades são tão ou mais impactantes na qualidade de vida do que o próprio transtorno”, diz o neurologista Leandro Teles. 

Usar animais para terapia de autismo é positivo
Verdade – Há quatro anos o Ambulatório de Autismo da Universidade de São Paulo (USP) emprega a chamada “pet terapia” para ajudar crianças com o transtorno. Os cães são treinados para não latir e não reagir a puxões, tornando os menores mais abertos ao tratamento. O contato aumenta os níveis de oxitocina, hormônio da empatia, que vem sendo estudado há anos para auxílio nos cuidados com a doença. 

Utilização de tablets pode auxiliar no tratamento
Verdade – Aplicativos executados em tablets vêm permitindo que crianças autistas melhorem sua comunicação. A tela sensível ao toque é fácil de usar, chama a atenção pelas cores e animações e estimula a concentração, que pode ser difícil para quem apresenta o transtorno. É preciso supervisão durante as atividades. 

Pode ser hereditário
Verdade – O psiquiatra Guilherme Polanczyk, da Faculdade de Medicina da USP, conta que o autismo é uma das doenças psiquiátricas com maior particularidade genética. “Pode ser transmitida pelos pais ou por mutações espontâneas, que acontecem no momento da divisão celular”, explica. 

Não compreende o que está acontecendo ao redor
Mito – Para o neurologista Leandro Teles, o autista capta o que ocorre no entorno, mas sob o prisma de sua peculiaridade cognitiva. “O fato de interagir menos e aparentar estar mais distante não significa que esteja ausente. Muitas vezes, mostram até uma sensibilidade aumentada a estímulos e mudanças sutis na rotina que os cerca, não captados por indivíduos sem o transtorno”.

Autistas têm um mundo próprio
Mito – Segundo o psicólogo Daniel Del Rey, não existe isso de “mundo próprio”. O universo do autista é o mesmo de todas as pessoas. O que ocorre é que ele sente e interage com o entorno de forma diferente. 

Autistas são superinteligentes
Mito – Como formam um grupo muito heterogêneo, cada autista é de um jeito. Existem muitos com inteligência normal e uma parcela apresenta intelecto acima da média. Estima-se que cerca de 10% dos autistas sejam muito inteligentes. Eles têm o que chamam de ilhas do conhecimento – são bons em um certo tema.

Autistas não gostam de carinho
Mito – Alguns autistas são hipersensíveis e se incomodam com o toque, mas não é uma regra geral. “Alguns não se sentem bem se são surpreendidos e também se mostram sensíveis a estímulos externos intensos”, explica o neurologista Leandro Teles. “Eles gostam de carinho, mas não sabem como expressar isso, complementa a psicóloga Cristiane Silvestre de Paula, que recomenda evitar levá-los a lugares muito lotados e barulhentos, como um shopping center, por exemplo.