Pra começar, uma recomendação: a leitura da crônica Ter Ou Não Ter Namorado, de Artur da Távola. Leitura necessária. Antes de quarta-feira, dia 12, Dia dos Namorados. Você acha pelo Google. E aí pode se auto-examinar, verificar se o seu relacionamento tem o charme, o gosto, o encanto de um verdadeiro namoro.
“Namorado é a mais difícil das conquistas”, diz Artur da Távola. E explica:
“Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.”
Artur da Távola faz uma viagem lírica pelo cotidiano de quem namora de verdade.
Nós vamos tentar refletir sobre dois componentes do Dia dos Namorados: o amor e o presente.
Em relação ao amor, é preciso inicialmente pensar: de que elementos ele se constitui? Num tempo de feminicídios diários e de brigadeirões envenenados, quase sempre provocados pelo ciúme, pelo sentimento de posse, pelo egoísmo, pela mesquinhez, caracterizar o verdadeiro amor torna-se fundamental.
O pensador Erich Fromm, em A Arte de Amar, diz que o amor é constituído de quatro elementos: cuidado, respeito, responsabilidade e conhecimento.
“Quando a gente ama é claro que a gente cuida”, canta Caetano Veloso na música Sozinho, do compositor Peninha. Quem descuida, não ama. Se a namorada não pensa num chá ou num remédio quando o namorado tem febre, ou vice-versa, aí não tem amor. Conhecimento e cuidado andam de mãos dadas. Quanto melhor você conhecer a pessoa amada, melhor pode cuidar dela. Sem exagero. Sem mimar. Mas conhecendo as carências, os sonhos, as dificuldades, os prazeres. Que me perdoem os desatentos e desatentas, mas prestar atenção no outro, no namoro, é fundamental.
E o respeito, então? Respeitar significa amar a pessoa do jeito que ela é, não do jeito que você quer que ela seja. Dificílimo. Mas necessário. Aceitar defeitos. Perdoar falhas.
Já a responsabilidade traduz aquilo de responder pelos atos da pessoa amada. Não a obrigação, como diz o dicionário, mas sim a disposição espontânea. Eu tenho um amigo, Rony, que diz que mãe e pai – e ele está se referindo ao amor – não desligam o celular quando dormem. Responsabilidade 24 horas por dia. Eu acrescento: “mãe, pai e namorada(o).
Mas se tem amor, se tem namoro de verdade, tem também, nesta semana, a preocupação do presente no Dia dos Namorados. Presente implica generosidade. E generosidade, é muito interessante pensar nisso, significa liberdade. A pessoa generosa é aquela que se libertou da mesquinhez, do ciúme, do sentimento de posse. A definição é de outro pensador, André Comte-Sponville, em O Pequeno Tratado das Grandes Virtudes.
Ficou mais complicado ainda esse Dia dos Namorados. Além de cuidar, conhecer, respeitar e se responsabilizar, pela(o) namorada(o), você tem de saber se libertar da mesquinhez, do ciúme e do sentimento de posse para alcançar a generosidade necessária à escolha do presente.
Complicado, difícil mas muito compensador, muitíssimo gratificante. Quando o namoro incorpora esses elementos que caracterizam o amor, fica entre as melhores coisas da vida. E aí a generosidade invade naturalmente o coração, o presente vem embrulhado de esperança, cumplicidade e sonho e o par entende, citando novamente Artur da Távola, que:
“Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de durar.”
Que me perdoem os desatentos e desatentas, mas prestar atenção no outro, no namoro, é fundamental.
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