O desperdício de alimentos é um problema mundial. No Brasil, esse número é elevado, estando em décimo lugar no Ranking de países que mais desperdiçam alimentos no mundo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 30% dos alimentos produzidos no Brasil são desperdiçados, o equivalente a cerca de 46 mil toneladas por ano. O Brasil deixou de aparecer no mapa da fome em 2014 mas, voltou a aparecer em 2019 permanecendo nesta condição até 2022. Com isso, algumas iniciativas foram criadas para tentar amenizar esse desperdício.
Por exemplo, o Sesc criou o programa Mesa Brasil. Ele foi criado por conta de um cenário de fome, desnutrição alarmante, e desde então, de forma complexa com sua logística e captação de parceiros, o programa vai se adaptando as demandas atuais e possíveis de acontecerem no dia a dia dos envolvidos. De acordo com a coordenadora do programa em Santos, Ariane Feltrin Pasuld, o principal desafio que eles enfrentam é no convencimento dos empresários que ainda não tem conhecimento sobre o programa “muitas vezes as empresas ainda não tem setor responsável por esse cuidado, dificultando o nosso acesso a iniciar tratativas para início da parceria”.
Em momentos emergências, como a pandemia da COVID-19, o funcionamento é integral, atendendo as demandas do momento. ” Na pandemia da COVID-19, fizemos o cadastro de instituições emergenciais para acolhimento das necessidades locais e ampliamos a abrangência dos produtos coletados, acrescentando produtos de higiene e limpeza o que eram extremamente necessários em todos espaços e lares durante a pandemia.”. Eles também atuam no atendimento as vitimas do incêndio na Vila Gilda e pelas chuvas que atingiram o Litoral Norte, no carnaval de 2023.
O Sesc Mesa Brasil foi criado em 1994. O programa funciona como uma rede de combate à fome, ao desperdício e à má distribuição de alimentos, baseado na parceria entre a sociedade civil, o empresariado e as instituições sociais. Ou seja, todos os alimentos que seriam desperdiçados nos mercados e comércios são doados para instituições de caridade. Em 2000, houve a criação do Sesc Mesa Brasil Santos. Diariamente 4 veículos saem do Sesc com roteiro pré-estabelecido para atender 6 cidades contempladas pela unidade do programa em Santos; São Vicente, Cubatão, Praia Grande, Guarujá, Bertioga e Santos. De manhã eles coletam as doações e a tarde as mesmas são entregas nas instituições sociais cadastradas.
Mensalmente as instituições sociais beneficiadas participam de ações educativas promovidas pelo Sesc para a melhor gestão dos alimentos, doações e recursos recebidos. Incentivando o aproveitamento integral dos alimentos, preparo de receitas nutritivas e com baixo custo e investimentos, assim como o envolvimento dos norteadores do Guia Alimentar Brasileiro nas premissas de elaboração de cardápios.
Uma outra iniciativa, em Santos, é a Livres Coop, uma cooperativa de produção e consumo que envolve produtores, trabalhadores urbanos, entregadores e consumidores associados. Guilherme Prado, coordenador do Livres Coop, declara que a Rede Livres mapeia a demanda e organiza a produção de forma que mais de 90% do volume de alimentos que chegam a cooperativa são escoados diretamente ao consumidor, sem desperdício. Guilherme acha importante frisar o fato de carecer de políticas mais fortes de combate ao desperdício “se leis surgiram nesse aspecto, elas não são aplicadas e tem pouca efetividade. Além disso, há pouco estímulo e nível de consciência sobre o cooperativismo de consumo e o consumo local, com ênfase em circuitos curtos de alimentos da agroecologia e agricultura familiar” conclui.
No Livres Baixada Santista é possível comprar alimentos, frutas, verduras, grãos, raízes e outros, sem agrotóxicos por delivery. “Trabalhamos com agroecologia para promover a segurança alimentar e a qualidade de vida do produtor de alimentos.”
Para saber mais sobre essas iniciativas acesse Livres Coop e Sesc Mesa Brasil