O maior desafio do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, é pacificar o país. Não será uma tarefa fácil. Eleito por uma margem apertada, pouco mais de dois milhões de votos, numa eleição marcada por violência e troca de acusações, Lula terá de comandar uma Nação dividida.
Uma semana depois de confirmado o resultado oficial, setores bolsonaristas mais radicais insistem em não aceitar o resultado das urnas e promovem protestos em várias regiões do país. O inconformismo é uma sequela das fake news, a principal delas a de que será “instalado” o comunismo no Brasil. Ou, ainda, que o país vai virar uma Venezuela e a população terá de comer “cachorros” para sobreviver.
Dois “fantasmas” criados para promover o pânico na população e evitar a derrota do candidato de oposição. A estratégia não produziu o resultado esperado, mas criou um clima de instabilidade e insegurança.
Os “protestos” que se seguiram à eleição produzem tragédias e prejuízos econômicos, mas não há a menor chance de as Forças Armadas embarcarem numa aventura golpista que isolaria o Brasil do mundo. Tanto é verdade que o próprio vice-presidente Hamilton Mourão e as principais lideranças políticas, inclusive o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (aliado de Bolsonaro), já reconheceram a vitória de Lula e apoiam o processo de transição de governo.
Horas depois de anunciado o resultado oficial, líderes dos principais países do mundo, como EUA, China, Rússia, França, enviaram cumprimentos ao presidente eleito. Era mais um recado de que a comunidade internacional não aceitaria um golpe contra as instituições democráticas no Brasil.
Consciente das dificuldades econômicas e políticas que enfrentará ao assumir a presidência em 1º de janeiro, Lula já declarou que pretende governar para todos os brasileiros, e não apenas para seus eleitores, e que seu governo será integrado por setores representativos de ampla parcela da sociedade.
Em outras palavras, não será um governo do PT, mas de um conjunto de forças que incluem representantes da esquerda, do centro e até da direita.
Acordos políticos já estão sendo costurados em nome da governabilidade.
Os fanáticos podem dormir tranquilos: igrejas não serão fechadas, o Brasil não será um país comunista e tampouco a população terá de comer seus cachorros para sobreviver.