Política

Democracia continua em risco permanente, alerta Koyu Iha

10/02/2025 Marco Santana
Democracia continua em risco permanente, alerta Koyu Iha | Jornal da Orla

Em 1980, um grande acordão nacional (com o Supremo, com tudo), esticou por mais dois anos os mandatos dos prefeitos eleitos em 1976. Então prefeito de São Vicente, Koyu Iha não concordou. Pegou o boné e deixou o cargo ao final daquele ano. Dos 3.794 prefeitos que havia no Brasil em 1980, apenas ele e o seu colega de Ubatuba, Nélio de Carvalho, se recusaram a participar da farra do mandato-tampão.

Duas vezes vereador por São Vicente (1969-1975), deputado estadual (1975-1977 e 1983-1987), prefeito de São Vicente (1977-1981) e deputado federal (1987 a 1999), lembra com tranquilidade do episódio e analisa o atual cenário político, alertando que a vigilância permanente é fundamental para preservar a democracia.

Entrevista a Victor Miranda, especial para o Jornal da Orla

Semana passada fez 44 anos que o senhor renunciou o mandato de prefeito de São Vicente…
Muita gente fala disso, mas eu não renunciei.

O que aconteceu então?
Eu simplesmente cumpri o meu mandato e não traí meus ideais. Quando eu fui eleito, era para um mandato de quatro anos. Eu não aceitei a prorrogação do mandato.

E se arrependeu em algum momento?
De modo nenhum. Naquela época, éramos em sete prefeitos do PMDB em São Paulo. A partir do momento em que o Governo Federal achou que a oposição começava a crescer, prorrogou o mandato de todos os prefeitos. Eles só pensavam em não perder as eleições. Olhando essa situação, eu só pensei: vou cumprir meus quatro anos de trabalho e voltar para a Cosipa. Por isso, digo que não renunciei. Se eu continuasse, estaria indo contra a minha própria consciência, porque não teria legitimidade. Um político só é legítimo quando escolhido pelo povo. Não é uma lei federal, uma decisão arbitrária que vai decidir isso.

Hoje os políticos vivem muito do marketing. Essa decisão do senhor passou por isso? Foi uma escolha dolorosa?
De modo nenhum. Eu só percebo a importância daquilo tudo agora. Semana passada uma página do Facebook chamada São Vicente de Outrora publicou a capa de um jornal da época com essa notícia. Eu recebi uma porção de mensagens comentando o assunto. Só aí eu percebi o impacto. Na época eu considerei que tinha cumprido uma etapa. Foi emocionante? Foi. Mas eu tinha certeza que o meu mandato já estava cumprido, era uma etapa superada. E acho bom lembrar: até 1974 a vereança em São Vicente era gratuita.

Os políticos eram mais vocacionados? E hoje, como é?
Hoje é mais negócio. Na minha geração, a maior parte dos vereadores da Baixada Santista era da classe liberal. Hoje, o que mais tem é ex-servidor público comissionado, que não é estatuário, que se prepara um tempo para sair candidato. A máquina, em geral, é inchada. Quando eu era prefeito, a Codesavi (Companhia de Desenvolvimento de São Vicente, recentemente extinta) tinha só cinco funcionários. Ela foi criada para contratar serviços especializados e facilitar as coisas no Município. Daqui a pouco estava ali, inchada, endividada, falida. Cada vereador tinha seus 10, 20, 30 cargos e deu no que deu. Quem tumultuou a situação foi o próprio Poder Público, mas a sociedade não falou nada. E a imprensa, o que fez? Também pouco falou.

Em toda a sua trajetória política, onde Koyu Iha mais se sentiu útil?
Ah, a Consituinte, sem dúvida… Era uma época em que a gente não discutia o que acontecia no dia, mas projetava o futuro.
Justamente o que o senhor diz que falta hoje. Por exemplo, São Vicente em breve fará 500 anos. E o senhor já chamou a atenção para a cidade se preparar para isso…
São Vicente precisa despertar para essa condição. Eu mencionei isso em um discurso na Câmara Municipal. É preciso criar um grupo sério e comprometido para pensar nos 500 anos da Cidade. O Poder Legislativo mais antigos das Américas está ali. O Legislativo é o poder mais forte e soberano eleito pelo povo. É o povo representado há quase séculos no poder (neste momento, Koyu se emociona e chora). Isso na memória histórica é muito grande. Meu maior orgulho é ter sido eleito pelo povo para representá-lo em uma instituição que vai completar 500 anos.

O senhor fala o tempo todo sobre a importância da democracia. Acha que a democracia está ou esteve em risco no Brasil?
A democracia continua em risco permanentemente. A democracia sobrevive sobre eterna vigilância. Sempre aparece um louco querendo ser dono da verdade. Isso acontece em qualquer cargo. A democracia é o sistema político mais difícil de se conviver, porque exige tolerância. Quem tem maturidade e disposição para lidar com o diferente? O ser humano sempre vai querer impor a sua opinião, isso é inerente. Nós temos o nosso ego. Sempre vai ter quem quer ter o poder pleno. Se eu me considero o único dono da verdade, eu estou deixando de ser democrata. Na oposição, todo mundo é democrata. Mas o democrata de verdade se reconhece no poder. O poder fascina de uma maneira inacreditável.

O poder corrompe…
Tem gente que foge do poder porque é covarde, tem medo e não quer responsabilidade. Muita gente que quer criticar mas não quer se expor. Se você é sério, não é ladrão, por que não ser candidato? Está deixando espaço para os ladrões continuarem. Tolerar as opiniões diferentes não é a mesma coisa que se omitir.

E como o senhor fazia para se preservar desse ambiente corrupto?
Nunca fizeram proposta de propina para mim. Na época da Lava Jato eu ficava pensando: ‘como será que esses caras conseguem?’. É um absurdo você imaginar alguém sentando de frente para um político e pedindo “me arranja dez paus aí”. Eu não sei como fazer isso? Como um parlamentar chega nesse nível? É algo que não entra na minha cabeça.

Qual é o legado de Koyu Iha na política regional?
Nunca me preocupei com isso. Eu fazia o que achava que era o certo. Tenho orgulho da minha trajetória. Tenho orgulho de ter sido prefeito de São Vicente. Tenho muita satisfação de ter sido representante do povo na primeira Câmara das Américas. Eu lamento que muitos que passaram por ali não tenham noção do peso que carregam por serem vereadores dessa Cidade (Koyu volta a chorar). Eu tenho noção do que isso representa. Assim como ser um deputado constituinte. Já me falaram para escrever uma biografia. Eu? O que eu teria a dizer?

O senhor não é vaidoso?
Neste sentido político? De modo nenhum. Quando eu fui prefeito eu dispensei o direito a ter guarda-costas. Muita gente não imagina, mas eu terminava o expediente e ia de ônibus tomar meu chopp. Até hoje eu ando de ônibus.

Mas tem muito político que tem medo da rua…
Eu já tive medo de andar na rua, mas da repressão. Quando era deputado estadual e via a (Veraneio) C14 virando a esquina e tinha que desviar o meu caminho para não ser preso. Agora, medo de andar na rua e ser xingado, isso nunca. Se me xingavam, eu xingava de volta. Sei que hoje as pessoas estão mais agressivas, mas nunca pode haver um distanciamento entre os políticos e as pessoas. Se acontecer, está tudo errado”.

Como o senhor analisa as relações políticas no Brasil de hoje?
A situação na esfera política está praticamente sempre na mesma. O problema é que os valores mudaram muito. Hoje o legislativo não fiscaliza. Existe uma mancunação entre o vereador e o Executivo, onde eles (vereadores) pleiteam cargos e, como troca disso, não fiscalizam de forma adequada. Ora, se uma das obrigações da vereança é fiscalizar o Executivo, estão acabando com a transparência. É uma distorção, mas infelizmente são os valores de quem faz a política. E isso acontece nas outras esferas de poder. Não adianta eu ficar falando que sou contra isso ou aquilo, quando a própria sociedade está aceitando essa condição.

Seria um vício da estrutura do sistema político?
Na minha visão, sim. Agora, você não vê a sociedade criticar esse vício na estrutura. Não vê uma indignação. Às vezes, a imprensa critica essa relação esdrúxula entre os poderes. Ao mesmo tempo, muitos jornalistas condenam as emendas secretas. Mas esse mesmo repórter, quando vai entrevistar um deputado da região, tem como primeiro questionamento saber quanto esse parlamentar trouxe de emendas. Como se isso fosse a obrigação de um deputado. Ou seja, a própria imprensa acaba entrando nessa confusão de algo que ela mesma critica.

Ainda é possível separar essas relações, fazendo com que cada poder cumpra adequadamente o seu papel?
Aí é uma questão cultural. Se você começa a consolidar esta oposição à estrutura, ainda assim vai levar pelo menos uma geração para modificar. Eu preciso começar, porque o processo de modificação política é muito lento. Eu não vejo mudanças a curto prazo.

Muitas vezes parece que os legislativos desconhecem a força que têm…
O poder, poder mesmo, está no legislativo. Eu posso caçar o prefeito. Eu posso caçar o ministro do Supremo. Eu posso caçar o presidente da República. E eles não podem me caçar, salvo se for aprovado pelo legislativo. Quem tem o voto da soberania popular é o Poder Legislativo. A força do modelo de uma democracia, a força do Estado, por incrível que pareça, é o Legislativo. Qual é primeira coisa que um ditador faz? Não é acabar com o Supremo, não é acabar com o Executivo, é fechar o Legislativo. É a voz do povo. Você pode até não concordar com as decisões do Legislativo, mas ali há uma representação da sociedade brasileira.

O senhor atuou nos dois lados: esteve no Executivo, como prefeito de São Vicente, e foi vereador, deputado estadual e deputado federal, trilhando também uma trajetória no Legislativo. Como é possível corrigir essa rota?
Eu venho de um processo em que se fazia política desde o curso ginasial, hoje Ensino Fundamental. Os grêmios estudantis era votados. O Centro Estudantil de Santos, que era secundarista, foi o que fez a maior movimentação de greves na Região. Havia eleições para os centros acadêmicos. Falta educação política. Não se faz mais política. A essência da política é o diálogo. De quem? Dos conflitantes. Hoje os antagônicos não se conversam. Eu acho que estou certo e pronto. Se você está contra mim, tchau. Então não existe mais diálogo, debate de ideias. Não se ouve mais falar em sindicatos. Setores da sociedade estão se unificando de uma outra forma. Tem o segmento evangélico, tem a bancada da bala, bancada do agronegócio, bancada do sistema financeiro e por aí vai. E esses grupos estão disseminados em todos os partidos. O presidente do Congresso Nacional, quando precisa articular, não dialoga mais com os partidos, mas com os líderes desses segmentos.

É uma negociação em bloco, mas não partidária…
Exatamente, mas quem é que deveria fazer política? Os partidos, que, em tese, deveriam representar a sociedade. Esses segmentos assumindo o protagonismo da política estão distorcendo a participação popular. Porque os segmentos defendem os seus interesses pessoais, com toda a razão. Mas cadê a política partidária?

Isso não seria um reflexo do excesso de partidos?
Não, isso existe em todo o mundo. Nos Estados Unidos não têm só os Republicanos e os Democratas. É que os demais partidos não conseguem atingir o mínimo para ter representatividade. Aqui, o coeficiente é muito baixo. Coloca a necessidade de atingir 10% do eleitorado para você ver. Não vão sobrar quatro partidos. O sistema hoje é dessa forma para garantir as lideranças locais. Um é forte no Nordeste, outro no Sul, outro em São Paulo… E o mais contraditório é que, no mesmo partido, às vezes a liderança do Sul não bate filosoficamente com a liderança do Nordeste. Só se fala em bancada de partido na hora do fundo partidária. Aí há a adesão, o fortalecimento dos caciques políticos, que tomam conta dessa verba. Ou seja, os partidos como fundação existem, mas seus membros não são partidários.

O senhor teve uma trajetória forte pelo MDB e foi um dos fundadores do PSDB. Como analisa a situação destes partidos hoje?
Eu saí do MDB na época do Governo Quércia, porque ele tinha filosofia de manter amigos atuando no governo. A gente era contra essa ideia de acomodar amigos em cargos de confiança. Aí, um grupo saiu e fundou um partido com viés social-democrata. Quando é que o PSDB começou a afundar? Quando teve aquela denúncia de que o Aécio teria recebido propina e ele, na condição de presidente do partido, não quis se licenciar para ser investigado. Isso é inaceitável, porque você está convivendo com os absurdos condenados pela sociedade, com os esquemas, com a Lava Jato e tudo mais. O partido perdeu sua identidade. Depois veio aquela hecatombe em São Paulo com o Doria, que nunca teve um pingo de princípio social-democrata, se apossou do partido, e negociou tudo que era cargo. Pronto, acabou.

E vê alguma possibilidade de reestruturação da sigla?
É uma questão de tempo. Não é só o PSDB. A bagunça é tanta que a própria sociedade acaba exigindo uma reestruturação. Sabe quando chega no caos total que todo mundo precisa conversar para não ir tudo para o brejo de uma vez. Senão, vai seguir esse impasse doloroso que a gente vive hoje na política. A geração atual é perdida neste sentido. O que precisamos é mandar uma mensagem agora para a próxima geração entender que é preciso fazer. O processo democrático é sempre lento.

O senhor sente que a sua voz ficou muito apagada nesses conflitos geracionais?
Ah, eu acho. A minha linguagem não bate mais. Primeiro que eu não sei usar a internet, e essa é a comunicação de hoje. As pessoas definem um conceito com 15 ou 20 palavras. Coloco essas palavras nas redes sociais e quem concorda é do meu grupo, quem discorda é do outro grupo. Não há mais discussão de conceitos. Mas isso um dia vai maturar. Vai chegar uma hora em que os conflitos serão tão grandes que será preciso resolver. Tanto é que o poder legislativo do mundo todo está discutindo o problema das redes sociais. Não é só o Brasil. O mundo está tentando resolver esse conflito. A informação corre muito rápida, a pessoa é acusada não tempo para se preservar juridicamente, porque tudo corre numa velocidade absurda. Como vai se resolver isso? Eu não tenho a menor ideia.

Com tanta experiência, não ser ouvido, não ter uma voz ativa, traz ao senhor algum tipo de frustração?
Não, eu entendo que é uma nova geração. Eles ouvem muito mais o conselho da internet do que alguém falando. Adianta ir contra? Não, a sociedade mudou. Os jornais impressos estão com tiragens cada vez mais reduzidas. Quantos livros cada pessoa lê hoje? Os poucos que leem estão no digital. Os tempos são outros.

Mas é curioso o senhor citar essa situação, porque o presidente da República tem quase 80 anos. Ele soube falar com esse público ou ainda é um período de transição?
Ele deve estar num dilema desgraçado. A equipe claramente não sabe bem ainda como fazer. Imagino que cada hora chegue um assessor com uma recomendação diferente. Uma hora ele tem que se expor, falando o tempo todo. Outra hora chega alguém e diz: ‘não adianta só falar, vai ter que viajar e andar nas ruas’. E o que vejo é que a linguagem dele não está batendo com a sociedade. Podem até tentar, mas não bate. Como corrigir isso? Eu também não sei. Vamos pegar o exemplo dos Estados Unidos. A imprensa previa uma eleição pau a pau. Mas o Trump, que tem uma linguagem diferente, ganhou no voto direto e indireto. O resultado das eleições foi uma lavada. O que será que está sendo importante para a avaliação aqui no Brasil? Economia? Desemprego? Valores que antes eram importantes mudaram. Mas eu também não sei avaliar quais são esses novos valores fundamentais, sei que não são os meus.

Como formar o político do amanhã?
Participando no nível comunitário ou via social.

A rua ainda faz a diferença?
Não, não. Eu não vejo assim. Claro, tem suas exceções. Vamos colocar a última campanha em São Vicente. Quantos dos candidatos a prefeito concentraram seus esforços nas ruas? Não estou falando de só soltar papelzinho. Mas quem debateu? Quem discursou? O atual prefeito (Kayo Amado) vem da internet. A campanha foi migrando para lá. Em São Paulo, teve o atual prefeito (Ricardo Nunes) e o (Guilherme) Boulos com nomes fortes. Mas quem quase atropelou todo mundo veio da internet (Pablo Marçal). Têm candidatos famosos que eu nem sei quem são. A minha geração não tá conseguindo aceitar os as novas normas que a sociedade está impondo.

O senhor cutuca os quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e a mídia, que é o quarto poder…
Todo mundo tem que se ajustar. Não estou dizendo que a imprensa não tem que divulgar um buraco de rua. A imprensa tem que divulgar o que é notícia, fazer o trabalho do dia, mas o político tem obrigação de ter uma perspectiva para o futuro. As coisas erradas, todos enxergam. Mas as autoridades precisam encontrar soluções.

O senhor é um deputado constituinte. Passados 38 anos, como avalia o trabalho daquela legislatura?
O grande problema é que todas críticas direcionadas à Constituição de 1988 ignoram que o Muro de Berlim caiu dois anos depois da finalização do texto. Até o Muro de Berlim, você tinha uma Guerra Fria, uma dicotomia na área econômica entre estatizantes e não-estatizantes. Era uma discussão entre o fortalecimento do Estado e da iniciativa privada. A minha geração foi formada dentro dessa polarização entre Estados Unidos e União Soviética. Então, na parte de liberdades humanas, na parte conceital e na defesa da democracia, a nossa constituição é excelente. Aonde que ela tem seus dilemas? Na parte econômica, porque a economia naquela época era assim. Era uma discussão de dois lados. A globalização econômica só veio depois da queda do Muro de Berlim. A maior parte das pessoas que critica o engessamento da Constituição se pauta pela parte econômica. O PIB chinês era menor do que o nosso na época.

Tanto tempo depois, essa dicotomia continua presente nas discussões da política nacional…
E essa é a grande briga. Hoje ficou essa questão conceitual. Não se fala mais tanto em empresas privadas, mas se fala em mundo financeiro. O mundo financeiro está tomando conta, não só do mundo ocidental quando o mundo oriental. Como é que vamos brigar com o mundo lá fora, ainda mais com o avanço da tecnologia. A verdade é que o mundo financeiro está sempre ganhando. O lucro das instituições bancárias foi de bihões no ano passado. Isso com toda a crise econômica que nós estamos passando. E aí tem toda a dificuldade de financiar empresas brasileiras em razão dos juros da Selic. Então, você tem hoje uma política muito mais complexa do que a da minha geração. A gente brigava pela democracia, pela liberdade. E, nesse processo democrático, o mundo financeiro tem uma estrutura completamente diferente do que a gente imaginava. É claro que a liberalização do mercado é um dos atenuantes, mas ao mesmo tempo precisa saber como vai fazer para a classe social que está abaixo do abaixo da linha de pobreza entrar no mercado. Para o mercado, o que interessa é a classe média para cima. E as classes mais baixas, ficam para o Estado?

Como inserir essas classes sociais no mercado?
Essa é a grande luta do Brasil hoje. Você tem uma educação deficiente e um mercado que exige cada vez mais especialização. Quem não mexe com computador não consegue nem atuar no varejo. A instrução é falha, é deficiente. Se o brasileiro quiser realmente concorrer com o mundo mais avançado, precisa formar sua própria mão-de-obra. A qualificação e a educação precisam ser as prioridades. Por exemplo, temos problemas sérios na área da saúde. Mas enquanto você tiver um percentual muito grande de pessoal inabilitado, você não tem uma boa educação. E enquanto tiver gente passando fome, não vai saúde. Lembro que na minha época de prefeito a prioridade nem era melhorar o ensino, mas sim dar merenda escolar, para as crianças frequentarem a escola.