O baixo rendimento escolar, a troca de fonemas durante a fala e a distração constante podem ser indícios de problemas de audição. Sem ouvir direito, a criança pode enfrentar problemas de relacionamento com colegas e apresentar distúrbios de comportamento, como a falta de concentração ou retraimento excessivo.
“A criança não participa das aulas por não conseguir assimilar o conteúdo ensinado pelo professor, e isso simplesmente porque ela não escuta bem”, ressalta a fonoaudióloga Marcella Vidal, da Telex Soluções Auditivas. Ela lembra que, depois do teste da orelhinha, feito em recém-nascidos para identificar possíveis problemas auditivos de nascença, os pais geralmente não pensam mais no assunto.
“Muitas crianças em idade escolar podem ter infecções, como a otite, que podem causar déficit auditivo. Resfriados constantes, dificuldade de respiração, caxumba, meningite, uso frequente de remédios ototóxicos, entre outros fatores, também podem causar perda de audição, que pode variar de um grau leve, moderado ou severo”, informa.
Diagnóstico precoce permite uma vida normal
A fonoaudióloga orienta os pais de crianças com suspeita de problemas auditivos que ajam rápido, buscando a ajuda de um médico otorrinolaringologista e até mesmo um serviço especializado para obter orientações sobre como desenvolver as potencialidades de seus filhos e não tratá-los de forma diferente. O diagnóstico é feito por meio de audiometria, que permite detectar o grau e o tipo de perda auditiva.
“A tecnologia tem avançado muito também nessa área. Quando não existe a possibilidade de cirurgia, o uso de aparelhos auditivos e dispositivos como o ‘Amigo’ resolvem o problema”, conclui a fonoaudióloga Marcella Vidal. O sistema “Amigo”, desenvolvido pela Telex, é usado dentro das salas de aula e ajuda o aluno com deficiência auditiva a entender com clareza o que o professor está ensinando.
Quando a dificuldade é de visão
Conhecida como visão preguiçosa, a ambliopia pode ser a causa da dificuldade de ler e escrever que muitas crianças sentem, podendo afetar o rendimento escolar. Segundo Arnaldo Gesuele, oftalmologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, nem a criança percebe a deficiência. “Geralmente os filhos nascem com o déficit de visão, mas ninguém nota porque ele está enxergando normal. Mas, em um teste, quando se fecha um dos olhos que tem a melhor visão, o outro possui dificuldade parcial ou total de enxergar”, explica.
Decorrente de um problema anormal no desenvolvimento da visão nos primeiros anos de vida, a doença em casos mais avançados pode até levar à cegueira dos dois olhos. “A ambliopia deve ser diagnosticada até os sete ou oito anos, idade máxima que a vista ainda se desenvolve”, informa Gesuele. Como tratamento, o mais comum é a oclusão da melhor visão com tampão, com variações de tempo de uso de acordo com cada caso, para estimular o outro olho a enxergar melhor.
Outras doenças como a miopia, dificuldade de enxergar de longe, e a hipermetropia, quando o problema é para leitura de perto, também trazem dificuldades na escola, quando não detectadas. “É muito importante que os pais fiquem atentos aos sintomas, como lacrimejamento, secreção ocular, dores de cabeça, franzimento da testa e quando a criança se aproxima muito do material para escrever ou ler”, orienta o médico.