Crônica

Da Inquisição à Inspiração

24/05/2024
Reprodução/Redes Sociais

A semana registrou dois exemplos de intolerância de onde menos se espera. Mas também colocou em evidência duas mulheres que enfrentaram e superaram o preconceito etarista.

Em Bertioga, um vereador, Eduardo Pereira (PSD), se recusou a ler um projeto de lei que facilita a tramitação da mudança de nome de travestis e transgêneros. Saiu do plenário irritado.

O vereador tem todo o direito de ser preconceituoso. Qualquer um tem. Mas não tem o direito de expressar esse preconceito, humilhando ou ofendendo. Aí comete crime.

Por trás do preconceito, existe um sentimento de superioridade. A pessoa preconceituosa se acha superior às outras em função da etnia, da crença religiosa, do patrimônio, da orientação sexual. Ilusâo. Os seres humanos somos todos imperfeitos, seres em evolução. Se alguém é melhor que outro alguém em algum ponto, certamente perde em outro.

Por que a intolerância veio de onde menos se espera? Porque Eduardo Pereira se diz evangélico. Cristão, portanto. Como assim, vereador? O mandamento máximo de Cristo é “Ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo. “Aí estão toda a lei e os profetas”, disse Jesus. Travestis e Transgêneros não entram nessa conta no evangelho do vereador?

Em Nova Andradina (MS), o desamor veio de um padre. Católico, portanto também cristão. Numa missa em intenção das vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, Paulo Santos disse que a tragédia “tinha como causa os gaúchos terem abraçado a bruxaria e o satanismo.” O Ministério Público Federal está de olho nesse padre por expressão de discriminação. O PSD de Gilberto Kassab também deveria estar de olho nesse vereador pelo mesmíssimo motivo.

A semana, por outro lado, também trouxe dois exemplos muito positivos e inspiradores, de mulheres que venceram a barreira do etarismo. Na sexta, Magda Chambriard, aos 66 anos, se tornou a segunda mulher a presidir a maior empresa do Brasil, a Petrobras. E neste sábado, a modelo Alejandra Rodriguez, disputa o título de Miss Argentina representando a província de Buenos.

Boa sorte pras duas !!! Que Magda Chambriard escreva mais um capítulo de sucesso em sua trajetória vitoriosa. Quanto a Alejandra Rodriguez, estar entre as finalistas já representa uma enorme vitória. Ganhando ou perdendo, que tenha de agora em diante uma longa e brilhante continuidade da carreira.