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Crítica construtiva

08/03/2025 Jadir Albino

Convidada a fazer uma conferência a respeito da crítica, ela compareceu ante o auditório superlotado, carregando pequeno fardo.

Após cumprimentar os presentes, retirou os livros e a jarra de água sobre a mesa, deixando somente a toalha branca.

Em silêncio, acendeu lâmpada potente, enfeitou a mesa com dezenas de pérolas que trouxera no embrulho e com várias dúzias de flores frescas e perfumadas.

Ante o público que lhe acompanhava todos os gestos, ansioso por lhe ouvir a palavra, com cuidado apanhou na sacola diversos enfeites de expressiva beleza, e os enfileirou com graça.

Finalizando a arrumação, diante do assombro de todosdepositou em meio aos demais objetos pequenina lagartixa, num frasco de vidro.

Só então se dirigiu ao público, perguntando:

-O que é que os senhores estão vendo?

Muitas vozes se ergueram, desejosos quase todos de dizer o que viam sobre a toalha branca:

-Um bicho… um lagarto horrível… uma larva… um pequeno monstro.

Esgotados breves momentos, nos quais a convidada permitiu que a plateia se manifestasse, livremente, dizendo do que estava vendo, ela considerou:

-Assim é o espírito da crítica destrutiva, meus amigos. Nenhum dos senhores mencionou a brancura e delicadeza da toalha de seda que recobre a mesa. Não viram as flores, não elogiaram a sua beleza, nem sentiram o seu perfume. Muito menos para a luz faiscante que acendi no início. Mas não passou despercebida, aos olhos da maioria, a diminuta lagartixa, dentro de um vidro.

Sorridente, concluiu sua exposição esclarecendo: -Nada mais tenho a dizer…

Levantou-se e se retirou do ambiente.

[com base em psicografia de Waldo Vieira e na Red. do Momento Espírita]

Quantas vezes temos sido cegos para as coisas e situações valorosas da vida.

Acostumados a ver somente os fatos que evidenciam o lado ruim da sociedade humana, volvemos o olhar para os detritos morais das criaturas.

Assim, criticamos a mídia por enfatizar as misérias humanas, os desvalores, as fofocas e as intrigas. Mas, em verdade, isso só ganha espaço nas manchetes e nas redes sociais porque nós apreciamos.

Porque buscamos esses conteúdos e até deixamos nossos likes, depois da leitura ou da visualização. Sem falar que nos tornamos os divulgadores porque compartilhamos com amigos, alimentando nossos grupos de contato s.

É relevante descobrirmos os divulgadores de coisas edificantes e nos candidatarmos a engrossar essas fileiras.