
Especialistas e autoridades se reuniram para discutir um dos projetos mais inovadores e ambiciosos para a infraestrutura da América do Sul: o corredor bioceânico. Unindo Brasil, Argentina, Chile e Paraguai, o projeto de ampliação de rotas multimodais visa não só melhorar a conectividade entre esses países, mas também impulsionar o desenvolvimento econômico regional por meio de rotas comerciais mais eficientes e uma infraestrutura robusta. A proposta, que é um novo marco da integração da região, abriu o último dia da primeira edição do fórum LATAM Export.
O corredor bioceânico surge como uma peça-chave para a integração da infraestrutura logística, mas seu sucesso dependerá da superação de desafios significativos. Desde a eliminação de entraves burocráticos até o desenvolvimento de uma rede logística interconectada, o projeto promete não apenas transformar a dinâmica comercial entre os países envolvidos, mas também abrir novas oportunidades para o crescimento econômico regional.
Luciano Severo, subsecretário de Articulação Institucional do Ministério de Planejamento e Orçamento, que participou via Internet, destacou o avanço das rotas. “Estamos tratando de um horizonte de, pelo menos, cinco rotas, proporcionando não apenas o aumento do volume de comércio, mas também a inclusão de uma maior e melhor infraestrutura para a região”, afirmou Severo.
O debate, mediado por Leopoldo Figueiredo, diretor-geral do Be News, também teve a participação de Patrícia Povoa Gravina, diretora do programa de parceria de investimentos da Casa Civil, e Kleber Barrionuevo Baraldo, gerente do GSI do Porto de Santos. Os palestrantes abordaram a necessidade de mudanças tanto no campo logístico quanto nas políticas públicas para maximizar os benefícios econômicos e sociais do projeto.
Kleber Barrionuevo Baraldo, do Porto de Santos, salientou o impacto do Corredor Bioceânico sobre os portos brasileiros. “Com o corredor, o Porto de Santos vai atrair mais cargas, e outros países também irão se beneficiar, tornando a América do Sul um mercado reconfigurado, com indústrias mais próximas dos consumidores”, afirmou Baraldo.
TRANSFORMAÇÃO
Os debatedores concordaram que se trata de uma real integração e destacaram a importância histórica do projeto e das obras previstas para o próximo ano, que além de benefícios econômicos podem ser um catalisador para transformações culturais e sociais, promovendo uma maior interação entre os países da região.
BUROCRACIA
Durante o debate, Severo também lembrou que barreiras burocráticas e alfandegárias ainda representam obstáculos significativos para a plena execução do projeto. Segundo ele, é crucial avançar nas soluções dessas dificuldades para garantir o sucesso das rotas de integração e facilitar o escoamento da produção de bens, como eletrodomésticos e veículos, entre os países participantes. Ele ainda apontou a importância do escoamento fluvial, mencionando a relevância do Rio Amazonas como uma via de transporte para diversas mercadorias.
IQUIQUE
Severo também mencionou as vantagens do Brasil na integração com o corredor bioceânico, destacando o potencial da cidade chilena de Iquique. Considerada a “Pérola da Amazônia”, Iquique é estratégica, com grande potencial turístico e um mercado consumidor promissor. “É uma cidade que tem uma biodiversidade e uma riqueza cultural imensa. A conexão com a região amazônica pode gerar novas oportunidades de comércio e infraestrutura, com o transporte de produtos pela via fluvial”, explicou Severo.
FUTURO
O evento também trouxe boas notícias sobre o avanço das obras e investimentos relacionados ao projeto. Patricia Povoa Gravina, da Casa Civil, revelou que, no próximo dia 30, será realizado um leilão histórico para três áreas portuárias de Paranaguá, com o objetivo de aumentar a capacidade de movimentação anual para 11,1 milhões de toneladas. “Além disso, outros leilões rodoviários serão realizados em rotas estratégicas, conectando o corredor bioceânico com outras iniciativas de integração na América do Sul”, afirmou Gravina. n
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