Programa atende pessoas em situação de alta vulnerabilidade
Durante os dois primeiros meses deste ano, Santos aumentou em 163% os atendimentos do programa Consultório na Rua (CnaR) para pessoas em situação de alta vulnerabilidade, se comparado com o mesmo período de 2024. Em 2025, foram 3.346, entre consultas e procedimentos ambulatoriais, contra 1.268 no ano anterior.
O serviço roda a Cidade diariamente em uma van equipada para realizar abordagens. Os atendimentos vão desde exames laboratoriais e aplicação de vacinas até o acompanhamento psicológico. Caso haja a necessidade de encaminhamento para uma unidade de saúde, todos os trâmites e o transporte também são realizados pela equipe, formada por 12 profissionais — dois enfermeiros, seis técnicos de enfermagem, uma psicóloga, uma assistente social e uma médica, além de um oficial administrativo.
Quando a equipe identifica uma pessoa em situação de rua pela primeira vez, é feito um cadastro com um questionário que busca entender as necessidades de saúde do paciente. Atualmente, há 1.100 pessoas cadastradas.
De acordo com a chefe em substituição do Consultório na Rua, Mileine Gonzalez, o aumento nos atendimentos “se dá pelo fortalecimento da equipe através da intensificação das ações externas, que acontecem em todo o Município”.
Acolhimento
Nesta segunda-feira (17), a equipe esteve na Paróquia Nossa Senhora do Carmo (Rua Egídio Martins 182 — Ponta da Praia) levando atenção e acolhimento para pessoas que não costumam procurar atendimento. “A população que está em situação de rua tem difícil adesão às unidades de saúde, muitos só procuram em emergências, mas não aderem ao tratamento. A importância do programa é assegurar que estes pacientes tenham o seu acompanhamento garantido”, explica Gonzalez, que cita tratamentos longos, como o da tuberculose, com média de seis meses.
Através da busca ativa, a equipe consegue acompanhar todo o processo com o mesmo paciente, do começo ao fim. A ação é importante, também, para barrar a contaminação por doenças transmissíveis, como a sífilis, que requer tratamento de três semanas.
Parceria
Há cerca de dois anos, o padre Javier Mateo Arana decidiu abrir a Paróquia Nossa Senhora do Carmo para a população em situação de rua e para o programa Consultório na Rua. “Antigamente nós distribuíamos jantas, mas eu achei que era pouco, que o bom seria abrir as portas”, conta. Para ele, a importância da iniciativa é garantir a integridade dos pacientes. “São seres humanos que têm direito à dignidade”.
O padre ressalta que, geralmente, as pessoas em situação de rua não estão lá por escolha própria. “ Javier entende que a solidariedade e o acolhimento são questões mais humanas do que religiosas. “O mais importante é sermos uma ponte entre o nada e o algo”, afirma.
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