De 1957 até o século 21, várias propostas não saíram do papel —ou da maquete
A ameaça do governador João Doria de ir à Justiça para garantir o início da construção de uma ponte ligando Santos a Guarujá é apenas mais um capítulo de uma interminável novela que se arrasta há décadas.
Desde 1957, foram apresentados vários projetos mas nenhum (até agora) se tornou realidade. Esboços, croquis, animações em 3D, maquetes… Confira os projeto apresentados até agora:
Ponte em caracol
Em 1950, o engenheiro paulistano Luiz Muzi apresentou um projeto de ponte, com 500 metros de vão, justamente na área da atual travessia entre a Ponta da Praia (Santos) e o bairro Santa Rosa (Guarujá). A estrutura teria um formato de caracol, afim de que a ponte tivesse altura suficiente para não atrapalhar o tráfego de navios. Além dos dois acessos em “caracol”, a estrutura teria duas torres amarradas por longos cabos que sustentariam a ponte pênsil.
Diferentemente do que possam imaginar hoje, Muzi não era tido como maluco em sua época. Ao contrário, era considerado um profissional respeitado —é o autor dos projetos de edifícios emblemáticos na Baixada Santista, como o Gáudio e o Mirante, em São Vicente; e o Astor, em Santos.
Aliás, o projeto desta ponte foi para atender solicitação do urbanista Prestes Maia, que estava elaborando O “Plano Regional de Santos”, um ousado projeto urbanístico que buscava modernizar a ocupação da cidade.
Ponte estaiada
Muito tempo depois, em 2010, o então governador José Serra apresentou a maquete de uma ponte entre Santos e Guarujá, também na Ponta da Praia. A estrutura teria 4,6 quilômetros de extensão, sendo um quilôpmetro de ponte estaiada, com vão livre de 80 metros. No entanto, a obra revelou-se completamente inviável, por causa da complexidade técnica, o temor de prejudicar o tráfego de navios no canal de acesso ao Porto de Santos, e também a quantidade de desapropriações necessárias —o complexo viário se iniciaria perto do Canal 6, em Santos, e se estenderia até o Jardim Helena Maria, já próximo ao Centro de Guarujá. De concreto, ficou a zombaria dos adversários políticos de Serra, que diziam que o então governador (que era candidato a presidente do Brasil) tinha “inaugurado uma maquete”.
Ponte no fim da Anchieta
Em 2011, a Ecovias (empresa que explora o Sistema Anchieta-Imigrantes) apresentou o projeto de uma ponta de 4.580 metros entre Santos e Guarujá, iniciando na margem direita da Via Anchieta, passando pelo cais no bairro do Saboó (em Santos) e chegando à Rodovia Cônego Domenico Rangoni (Piaçaguera-Guarujá), pela Ilha Barnabé. A empresa faria a obra em troca da prorrogação de seu contrato, que se encerra em 2026, por mais 15 anos. A ponte teria 85 metros de altura e e 325 m de largura entre os pilares. No entanto, o projeto não andou pois previa a cobrança de pedágio (que a empresa chamou de “bloqueio de pagamento”) e a comunidade portuária considerava que o vão estreito colocava em risco a navegação dos cargueiros. A construção da ponte será uma contrapartida da Ecovias, em troca da prorrogação do contrato de exploração do Sistema Anchieta-Imigrantes, que venceria em 2026, por mais 15 anos.
Ponte com vão mais largo
O projeto foi ressuscitado em 2018, com atualizações. O projeto previa um traçado viário do Km 64 da Via Anchieta até o Km 250 da Rodovia Cônego Domênico Rangoni, um trajeto de 7,5 quilômetros de extensão, sendo 1,1 quilômetros de travessia em ponte pênsil e o restante em viadutos. A ponte teria 400 metros de largura entre os pilares e 85 metros de altura.
Projeto atual
Após fortes questionamentos de empresas portuárias e dos poderes públicos (autoridade portuária e prefeituras), o projeto foi remodelado em 2020, ampliando o vão entre as pilastras para 750 metros de largura. Assim como o valor da obra aumentou (R$ 3,9 bilhões, segundo a Ecovias), o prazo de ampliação do contrato de exploração do Sistema Anchieta-Imigrantes também, de 15 para 30 anos.
