
O verão tem sido marcado pelas chuvas intensas e um grande número raios caindo na Baixada Santista. Na tarde de quarta-feira (5), na orla do bairro Ocian, em Praia Grande, duas mulheres, que estavam num carrinho de praia, foram atingidas por uma descarga elétrica e tiveram de ser hospitalizadas. Elas foram medicadas e liberadas.
Um raio possui cerca de mil vezes mais intensidade que um chuveiro elétrico. A cada ano mais de 70 milhões de descargas elétricas, em média, são registradas no território brasileiro. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a localização do Brasil favorece a quantidade de raios que o país recebe. O número vem aumentando em razão não só dos fenômenos naturais, mas também do aquecimento global.
“O raio, a gente observa nas tempestades elétricas, podem acontecer em qualquer local, mas elas são muito mais frequentes dentro do continente. No entanto, no litoral, têm um certa incidência. Só por estar num lugar mais aberto, como a praia, onde você não tem uma árvore, construções físicas de concreto, nada, o que acaba acontecendo é que o pessoal que está na praia, ou as barraquinhas, acabam sendo os pontos mais próximos entre a nuvem e o solo, então viram os próprios para-raios. Toda vez que passa uma tempestade, uma chuva e você ouvir um trovão, automaticamente tem um raio caindo perto “, diz o professor Carlos Morales, do Departamento de Ciências Atmosféricas do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG/USP).
Morales ressaltou que, quando isso acontecer, é momento de procurar um local seguro, um prédio ou uma marquise de concreto, jamais a barraquinha de praia ou uma árvore. “Se ouvir um trovão na praia, o risco é grande. Sem trovão não há problema. Agora, chuva forte, com pedra de granizo, rajada de vento, a probabilidade de raio é muito alta”.
O especialista lembrou que a maior incidência de raios no Brasil se dá pela extensão territorial nos trópicos. “Quando você tem fenômenos El Niño e La Niña, você vai ter regiões com maior ou menor atividade de raios. Na Região Sudeste, quando tem o El Niño, há menos intensidade de raios. Quando é El Niña, é maior “, afirmou.
Vem mais
Uma projeção do Inpe aponta que, entre os anos de 2081 e 2100, o Brasil deverá aumentar de 70 para 100 milhões a ocorrência de raios ao ano e se manter na liderança mundial de descargas elétricas, com a Região Norte no topo da lista do país. A estimativa é que a quantidade de raios no Brasil cresça de 3% a 5% por década até o final deste século. Isso significa que, em 2100, a previsão é que haja aumento de 20% a 40% na incidência de descargas elétricas, podendo chegar a 50% em algumas regiões.
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