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Bartleby, o escrivão: um clássico da literatura do absurdo

22/03/2023
Bartleby, o escrivão: um clássico da literatura do absurdo | Jornal da Orla

Bartleby, o escrivão, com seu enredo disparatado, desafia a lógica e coloca a razão à prova. Não por acaso é considerado um clássico da literatura do absurdo – para alguns, aliás, o livro é o próprio precursor desse movimento literário tão costumeiramente associado a Camus e Kafka.

O narrador é um advogado recém nomeado para ocupar um cargo na Suprema Corte. Nesta posição, deverá montar uma equipe para desempenhar as atribuições burocráticas da repartição. É quando surge o escrivão Bartleby, que causa uma excelente primeira impressão com sua postura muito séria e decorosa.

Entretanto, após ser convocado para cumprir uma ordem, Bartleby responde ao patrão de forma suave e firme: “Preferia não fazê-lo”. O que parecia ser um evento inusitado passa a se tornar uma prática habitual: a cada comando hierárquico que recebe, Bartleby anuncia que “preferia não fazê-lo”. O desencadeamento das perplexidades e aflições do patrão – que estranhamente não consegue despedi-lo e passa a viver um pesadelo levado às últimas consequências – é o ponto alto do livro.

Motivos para ler:

1- Herman Melville (1819-1891), ignorado no seu tempo, alcançou a glória postumamente. É dele Moby Dick, o romance infinito que todos conhecem. Foi somente a partir de 1920 que a crítica literária deitou olhos mais atentos à sua obra, dando-lhe o valor merecido. É considerado um dos maiores escritores do século XIX;

2- O enorme Jorge Luis Borges, ao prefaciar este livro, pontifica: “basta que um único homem seja irracional para que os outros também o sejam.” Uma explicação contundente para o livro e para a história universal: quanto homens obviamente insanos foram seguidos por uma tropa de cegos aloprados?;

3- O livro é um clássico mundial, curtíssimo e muito divertido (apesar do clima angustiante instalado pelo comportamento excêntrico de Bartleby). Por que não lê-lo? Só não vale responder que “preferia não fazê-lo”.

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