Fronteiras da Ciência

A vendedora de Maçã

16/11/2024
A vendedora de Maçã | Jornal da Orla

Ela era uma mulher excêntrica. Ao menos, era assim que a consideravam os alunos daquela Universidade.

Todos os dias, podia ser vista a empurrar seu pequeno carro pelas ruas, vendendo maçãs.

Como os estudantes raramente tinham dinheiro, ela emprestava as maçãs.

Conferia, de certo modo, dignidade a quem se servia das suas frutas.

Certo dia, tia Fefa, como era chamada, observou que um dos rapazes estava sentado no peitoril da janela, muito triste.

Confessou que não tinha dinheiro para saldar as últimas mensalidades e não poderia fazer as provas finais.

Sorridente, ela disse que o poderia ajudar e pediu para encontrá-la, no dia seguinte, no banco.

Ele ficou desconfiado. Como aquela mulher, vendedora de maçãs, poderia ter dinheiro para lhe emprestar?

Por questão de educação, foi ao encontro. Viu como todos os caixas a cumprimentavam e quando ela disse a um deles quanto queria sacar, foi encaminhada ao gerente.

Ela preencheu um cheque de 2000 dólares, e o entregou ao rapaz, que continuou a temer pelo que poderia acontecer.

Com certeza, todos estavam se divertindo às custas daquela mulher simplória. Nem quis retirar o valor, colocou o cheque no bolso e rasgaria longe dali.

No entanto, no dia seguinte, quando o secretário da Universidade lhe disse que lamentava que ele não tivesse ninguém que lhe pudesse emprestar o valor para os pagamentos e que não poderia fazer os exames, o sangue subiu às faces do rapaz.

Pegou o cheque e entregou.

Depois do gesto impensado, durante toda a noite, o rapaz temeu ser chamado pela polícia por passar cheque sem fundos.

Mas tudo deu certo. Ele concluiu os exames, formou-se.

Muito mais tarde, tentando agradecer à tia Fefa, ficou sabendo que ela era uma mulher extremamente rica. Herdeira de milhões de dólares.

Usufruíra o que pudera, mas se desencantara ao perceber que as pessoas se aproximavam dela para desfrutar do que ela tinha a oferecer: jantares luxuosos, viagens, presentes.

Então, aplicara tudo e se transformara numa pessoa simples, vendedora de maçãs.

Uma maneira de estar próxima dos estudantes porque, imaginava, a maioria deles tinha muitas dificuldades para se manter na Universidade.

Ela lhes ouvia as histórias e os auxiliava com os valores de que precisavam.

Somente pedia que não lhe fossem devolvidos os valores. Deveriam ser guardados para auxílio a outros.

[com base em texto de Divaldo Franco e na Red.do Momento Espírita]