Há um mistério na água, essência da vida, desde que surgiu na forma de molécula alienígena e fez brotar o meu mundo. A começar pela esponja, o primeiro ser. Brotaram mares, brotaram rios e cachoeiras. A chuva também, que tem feito a inclemência dos meus dias. Misteriosa, nunca se extingue, sempre se transforma. Deságua dos céus e a condeno, mas quando me falta na torneira, me desespero.
Sem ela não vivo, é minha origem, como o ar é meu sustento. Mas só quando me falta dela me dou conta. Talvez seja minha existência, ao menos meu humor. Acredito que seja talvez a determinação do meu destino.
A rigor água é o que sou. Não apenas a inclemência das negras nuvens que me afligem, nem apenas o deleite das ondas que me encantam. Tampouco é minha alma derramada no meu choro. A água sou eu como é também o planeta, ambos setenta por cento líquido disfarçado de carne e terra.
Não subestimo a água, que nunca me falte um dia. Ainda que a maltrate pela ausência do abrigo, ainda que a derrame pelos olhos sentidos. ainda que a sede domine meus sentidos, ou contaminada pelos nossos restos, seja por mim amaldiçoada.
Há uma simbiose entre mim e a água. Há um mistério que desconheço. Mas sei que eu, água, sou o reflexo dos meus pensamentos. A determinação do meu destino a cada dia que acordo com ela.
Em 1994, um cientista japonês, Masaru Emoto, provou algo extraordinário. Diante de garrafas d´água, fez pessoas expressarem palavras negativas, de ódio, de rancor, de pessimismo, e congelou as garrafas. Outro grupo diante de outras garrafas, externou palavras positivas, de amor, de alegria e otimismo.
Emoto congelou ambos os grupos de garrafas e depois, no microscópio, veio a revelação. As águas do grupo negativista apresentavam imagens disformes, conflituosas, em desvario, enquanto as do segundo grupo exibiam belas formas harmônicas, conjuntos gráficos com simetria absoluta.
As imagens foram exibidas numa estação de metrô em Tóquio e alvoroçaram o saber, mostrando que, afinal, as células, partículas da água, sentem e repassam o sentimento.
Parece loucura, mas isso prova o quanto eu, que sou água, sou determinado pelas energias que emano. Sim, a água sente, pensa e me determina. Na dúvida, ainda, não mais amaldiçoarei a chuva. E pensarei que sempre, depois da tormenta, florescerá um belo dia.
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