A Igreja Católica aborda, no cinqüentenário da Campanha da Fraternidade, um tema complexo e que deve ser discutido por toda a sociedade: a questão do tráfico humano, classificado pelo Papa Francisco como “uma atividade ignóbil, uma vergonha para as nossas sociedades, que se dizem civilizadas”. Realmente é uma vergonha para a raça humana que esse tipo de crime contra a vida ocorra em pleno século 21 e em dimensões absurdas.
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidades), o tráfico humano é uma das atividades mais rentáveis e movimenta cerca de US$ 32 bilhões por ano. O crime envolve pelo menos quatro modalidades: a exploração sexual, que faz milhares de vítimas, em sua maioria mulheres, crianças e adolescentes; a exploração do trabalho escravo, que atinge, principalmente, os homens; o tráfico humano para a extração de órgãos para transplantes, e o tráfico de crianças e adolescentes para fins de adoção.
Trata-se, portanto, de um crime universal e o combate aos criminosos não deve e não pode ficar restrito a governos. Por sua complexidade, este tipo de crime só vai diminuir se houver a participação efetiva das sociedades, de todas as partes do planeta, no combate contra quem lucra com a vida humana.
Vivemos tempos difíceis, de crescente violência e exploração, frutos de uma ambição desenfreada e de uma ausência, cada vez maior, de valores morais e espirituais que deveriam nortear os passos da atividade humana. Afinal, qual o sentido da vida? Não deveriam ser o amor e a fraternidade os principais condutores da almejada busca pela felicidade?
Há uma clara inversão de valores em boa parte do planeta, onde cada vez mais o sucesso é representado por um corpo bonito e uma bela conta bancária. Os fins justificam os meios e o vale-tudo pelo sucesso ilusório é uma afronta à própria raça humana.
O tráfico humano é um dos grandes crimes da humanidade. Combatê-lo é um dever moral de todo cidadão de bem. Ao abordar o tema, a Igreja Católica coloca o dedo na ferida e nos oferece um momento de reflexão sobre o verdadeiro sentido da vida.
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