Em meio a polêmicas e decisões equivocadas as vacinas começaram a ser aplicadas em nosso país. Ainda falta um longo tempo até que cheguem à maioria das pessoas, enquanto isso, como ficará nossa economia? Como ficarão empresários e empreendedores diante das perdas verificadas no ano passado?
Está aí, uma grande incógnita, difícil de ser solucionada, tal qual o enigma da esfinge: decifra-me ou te devoro…
Diversas empresas adotaram o home office como forma de dar continuidade aos seus trabalhos, escolas e universidades, também adotaram tal prática, mas, eis que surge uma dúvida, estando o colaborador ou aluno em casa, quantas horas reais são dedicadas às tarefas que foram definidas como prioritárias? Difícil mensurar, tendo em vista que, ainda é prática em nossas terras a ideia de que o colaborador ou aluno só produzem quando estão sendo vigiados. Ledo engano, pois apesar de ainda não estarmos amadurecidos suficientemente, já se encontram provas de bons desempenhos em atividades remotas por parte de muitos colaboradores e alunos. Creio que ainda vai levar um tempo para que seja mais valorizado e reconhecido o trabalho com atividades remotas, mas é um caminho sem volta que precisa de alguns ajustes, entre eles:
a) Maior assistência por parte de empresas e escolas, ofertando equipamentos e estruturas adequadas para execução dos trabalhos e tarefas. Empresas deverão apoiar a compra de equipamentos, melhoria do sistema de internet e a aquisição de móveis adequados. Escolas e universidades, deverão centrar seus esforços na padronização dos serviços de internet, fornecimento de chips ou facilitar a aquisição de computadores e notebooks, adotar metodologias mais interativas para evitar desinteresse ou evasão.
b) Cada vez mais, será necessário realizar a alfabetização digital em todos os níveis, para que gradativamente estudantes e leigos se sintam preparados para lidar com sistemas e equipamentos mais sofisticados. O acesso irrestrito às modernas tecnologias voltadas à informação e comunicação já é uma grande necessidade, independente da classe social, a cada dia, mais pessoas terão de enfrentar ambientes digitais em diversos lugares (elevadores, caixas eletrônicos, compra de passagens, supermercados etc.)
c) Empresas e escolas precisarão caminhar juntas, criando programas de incentivo para que estudantes e colaboradores possam trocar experiências, ajudando e apoiando a alfabetização digital através da doação de computadores e de programas de voluntariado voltados a atender a demanda dos alunos por mais conhecimento sobre o mundo digital, tal qual já fazem a Oracle e a IBM junto às faculdades do Centro Paula Souza (Hack-a-toon).
d) Será preciso desmistificar o conceito de que para atuar no mundo digital é preciso ser gênio, muito pelo contrário, é preciso sim, muito estudo e empenho para lidar com as tecnologias que evoluem a todo momento. Levar conhecimento sobre desenvolvimento de aplicativos para celulares e produção de games para alunos da rede pública é uma grande sacada, que poderá render muitos frutos e abrir portas para futuros empreendedores digitais.
e) A chegada da tecnologia da informação socializou o conhecimento, abrindo portas para que gerações diferentes convivam no mesmo ambiente. Nos resta tornar essa convivência mais harmoniosa e frutífera, criando meios que facilitem o acesso e o entendimento mútuo entre jovens e profissionais experientes. Nas escolas, em todos os níveis, professores e alunos deverão se envolver em tarefas compartilhadas, projetos e atividades comunitárias, propondo soluções para problemas locais e, gerando novas formas de empreender, como caminho para superar o desemprego e a falta de oportunidade para quem está em busca do primeiro emprego ou afim de retornar ao mercado de trabalho.
Resumindo, a pandemia nos trouxe um desafio gigante, ou nos transformamos ou teremos muita dificuldade em lidar com um mundo em vibrante transformação. A chegada das vacinas ainda não resolverá todos os problemas causados pelo isolamento social, como perda de renda, quebra de empresas, desemprego, mas abre caminho para um novo pensar, pensar este, que ainda está em construção, mas que requer reflexão sobre que sociedade virá nos pós pandemia. Muitas empresas não retornarão às suas atividades originais, pois se adaptaram ao mundo digital, muitas escolas terão de captar novos alunos com uma nova e revolucionária proposta educacional que alie o aprendizado online às melhores chances de empregabilidade. A nossa sociedade, como um todo, caberá esperar o tempo certo para desfrutar dos resultados que virão.
* Djalma Moraes é professor, escritor, consultor na área de RH e membro da ABRH – Associação Brasileira de Recursos Humanos – Regional Baixada Santista. Site www.mqs.com.br, e-mail [email protected]