Purim é um dos feriados mais divertidos celebrados pelo povo judeu, mas muitas vezes não é reconhecido.
Purim realizado no mês hebraico de Adar, comemora o dia em que Ester, Rainha da Pérsia, salvou o povo judeu da execução por Haman, o conselheiro do rei persa.
Ester corajosamente expôs sua herança judaica anteriormente oculta ao marido, o rei, e pediu-lhe que salvasse seu povo, o que ele fez.
Este tem sido um dos ensinamentos fundamentais da tradição judaica em todos os tempos e é a essência do Festival de Purim.
Apesar de Purim ser o dia mais alegre do ano, sua história é sobre a reversão de um édito de genocídio contra o povo judeu.
Conta a história que, para salvar seu povo, Esther teve que enfrentar o rei. Por isso, ciente do grave perigo, pede ao seu tio Mordechai: "Vá e reúna todos os judeus que estão em Shushan e jejuem durante três dias e três noites".
Jejuando e pedindo perdão por todas suas falhas, os judeus buscavam a Proteção Divina. Apelaram para a Misericórdia Divina, pois sabiam, assim como Esther, que somente com a ajuda do Todo-Poderoso poderiam conseguir a anulação do decreto fatal.
A Meguilá, O Livro de Ester, a obra bíblica que é fonte para nosso alegre Festival de Purim, é a história que relembra como os judeus do Antigo Império Persa encontraram inspiração em sua sagacidade política, seu sentido de destino compartilhado e sua profunda fé comunitária para garantir sua sobrevivência em tempos de provação.
Acredita-se que o texto real do Livro de Ester seja de autoria tardia do Segundo Templo, estando entre os livros mais recentes a entrar na Bíblia, junto com Eclesiastes, o Cântico dos Cânticos e o Livro de Daniel.
Este Livro, a Meguilá é lida com uma cantilena especial. Os quatro versículos de “redenção” (2: 5; 8: 15–16; e 10: 3) são lidos em voz mais alta do que os outros versículos.
É costume vaiar, assobiar, bater os pés e chocalhar reco-recos sempre que o nome de Haman é mencionado no serviço.
O objetivo deste costume é “apagar o nome de Amaleque” porque Haman era descendente de Amaleque.
Também devemos comer, beber e nos divertir. Tem havido muita discussão em torno do ditado do professor babilônico Rava (Meg. 7b) de que um homem é obrigado a beber tanto vinho em Purim que se torna incapaz de saber se está amaldiçoando Hamã ou abençoando Mordechai.
Os professores mais puritanos tentaram explicar isso, mas a ingestão de álcool era geralmente encorajada em Purim.
As leis deste Festival e a leitura da meguilá estão codificadas no Shulchan Aruch.
Na literatura cabalística e chassídica considera-se Purim como um dia de amizade e alegria e como a celebração de Deus agindo, por assim dizer, nos bastidores, ao contrário de Pessach, que celebra a intervenção mais direta de Deus.
Os "sorteios" de Purim são comparados com os "sorteios" lançados no Dia da Expiação, o que os seres humanos chamam de "destino" ou "sorte" sendo, na realidade, apenas outra manifestação do cuidado providencial de Deus.
Os cabalistas estimavam tanto Purim que relataram em nome de Isaac Luria que o Dia da Expiação é “como Purim” (Yore ke-Furim).
Várias tradições são desempenhadas em Purim, sendo uma delas a de enviar cestas de comida e bebida ("shalach manot" / "mishloach manot") à famílias e aos pobres e dar tzedacá a quem precisa.
Em Purim, costuma haver carnavais, com foliões se fantasiando, dançando e fazendo desfiles. As crianças se divertem muito nesses eventos, fazendo artesanato, fazendo cestas de Purim, jogando e fazendo barulho. Os participantes do carnaval gostam de exibir suas fantasias; qualquer coisa, desde personagens bíblicos como Moisés ou Ester e Haman até trajes seculares mais tradicionais como você veria no Halloween são usados.
Uma das melhores guloseimas do Purim são os hamantaschen: pastéis em forma de triângulo com recheio de frutas ou salgados. Dizem que a guloseima se parece com o chapéu de três pontas ou com as orelhas de Haman ("oznei Haman" em hebraico).
Purim, como Chanucá, era visto como um festival menor de acordo com o costume judaico, mas foi elevado a um feriado importante como resultado da experiência histórica judaica.
Ao longo dos séculos, Haman passou a simbolizar todos os antissemitas em todas as terras onde os judeus foram oprimidos.
O significado de Purim não reside tanto em como começou, mas no que se tornou: uma afirmação grata e alegre da sobrevivência judaica.
Ao celebrarmos o milagre da continuidade judaica, a Meguilá nos lembra que o poder, seja militar, econômico ou político, é componente importante de sobrevivência.
Entretanto, em Purim lembramos que apenas quando a bravura e o poder são utilizados com justiça é que podemos vivenciar o espírito salvador.
Mendy Tal
Cientista Político e Ativista Comunitário
Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete a linha editorial e ideológica do Jornal da Orla. O jornal não se responsabiliza pelas colunas publicadas neste espaço.