A jovem e talentosa Chimamanda Adichie ganhou maior visibilidade no Brasil com a publicação de seus ensaios “Para educar crianças feministas” e “Sejamos todos feministas” (recomendamos!), mas já era conhecida pelos seus excelentes romances. Nigeriana radicada nos EUA desde os seus dezenove anos, vem arrematando diversos prêmios e se consolidando cada vez mais como a forte voz negra feminina da literatura mundial.
Hibisco roxo nos transporta para uma conturbada Nigéria. Ao contrário da maioria de seus conterrâneos, a narradora Kambili vive de forma muito confortável sob a superproteção de seu pai, um industrial bem-sucedido. A opressão familiar, o tenso momento político e os contrastes sociais forjam a personalidade de Kambili. Nasce daí uma nova menina, de rara percepção de mundo, tão rara quanto os hibiscos roxos que surpreendentemente brotam em sua casa.
Kambili narra o romance, mas seu pai é a peça chave do livro. Um homem com profundas ambiguidades: altruísta e solidário com os pobres e apoiador de um marginalizado jornal progressista que se opõe ao iminente golpe militar; entretanto, rejeita sua própria herança cultural por considerá-la bestial, castiga imoderadamente seus filhos e é um fanático conservador religioso. A estrada para a tragédia e destruição está pavimentada.
Motivos para ler:
1 – Chimamanda Adichie já é uma possante realidade literária de peculiar talento;
2 – O livro retrata os efeitos nefastos da colonização branca, com africanos negando sua própria origem para aderir aos costumes colonizadores. Além disso, o país vive um momento de pressão: muitos sugerem que “chegara mesmo a vez de um presidente militar, já que os políticos haviam perdido o controle e nossa economia estava uma bagunça” (p. 31). Enfim, problemas que nos parecem familiares;
3 – Leia mulheres!