Blog do Carpentieri

A arte de nunca dizer obrigado

17/05/2020
A arte de nunca dizer obrigado | Jornal da Orla

Li neste domingo (17), no UOL, uma entrevista com o empresário Paulo Marinho que me chamou a atenção. E que me deixou encucado.

 

Para quem  não sabe, Paulo Marinho foi eleito suplente de senador de Flávio Bolsonaro, um dos rebentos do presidente. 

 

Não sei se o Flávio é o zero um, zero dois ou zero três do presidente. Só sei que não é o zero quatro. O zero quatro é o pegador de meninas do condomínio. Mas isso pouco importa.

 

Na verdade, o que me chamou a atenção na entrevista foram alguns detalhes do que disse Marinho sobre o presidente Jair Bolsonaro e que reproduzo aqui:

 

"Eu olhava o capitão, com aquele jeito tosco dele, e algumas coisas me chamavam a atenção. Por exemplo: ele era incapaz de agradecer às pessoas. Chegava uma empregada minha, servia a ele um café, um assistente entregava um papel, e ele nunca dizia um obrigado. Eu nunca ouvi, durante o ano e meio em que convivi, ele expressar a palavra obrigado a alguém."

 

Sobre o assunto, Paulo Marinho concluiu; " Um gesto mínimo. Pode não parecer nada, mas demonstra uma faceta da personalidade dele. Será que é uma pessoa apenas de maus hábitos, que não tem educação?"

 

O empresário também revelou duas outras coisas mais sobre a personalidade do presidente. Que vivia contando piadas homofóbicas e tratava as mulheres como um ser inferior.

 

Os fatos narrados pelo empresário ocorreram durante a campanha vitoriosa de Bolsonaro. Marinho cedeu sua casa ao então candidato para ser o quartel-general de campanha. No local foi instalado, inclusive, o estúdio onde eram feitas as filmagens para os programas de TV.

 

Marinho está chateado com o presidente. Depois da eleição, ele nunca mais viu Bolsonaro e tampouco ouviu dele aquele palavra que pessoas educadas costumam proferir quando recebem um favor, ou um gesto de gentileza: "Obrigado".

 

No exercício da presidência, Bolsonaro mostrou que, se não sabe dizer obrigado, é capaz de promover agressões, ofensas, e de falar palavrões.

 

 "Porra" é o seu predileto. Fala quase que todos os dias.Não se sabe o motivo de tal preferência.

 

Acho que não combina nada com bons modos e muito menos com o alto cargo que ocupa, mas, fazer o que, né?

 

Ainda assim, o presidente tem muitos apoiadores. As últimas pesquisas revelam que 30% dos brasileiros aprovam seu governo. Muitos brigam e até morreriam por ele.

 

Não deixa de ser estranho. Bolsonaro foi expulso do Exército por ter ameaçado explodir bombas se os militares não recebessem aumento de salário.

 

Se fosse atendente de padaria, certamente perderia o emprego por ofender e espantar a clientela.

 

Como porteiro de prédio não duraria uma semana: os moradores certamente não suportariam um funcionário que fala palavrões e trata mal todos do condomínio.

 

Então me pergunto: como alguém que não serviu para o Exército, não serviria para trabalhar numa padaria, ou mesmo num condomínio, e que sogra alguma gostaria de ter como genro, poderia dar certo como presidente do Brasil?