Com as praias de Santos interditadas como medida de contenção ao novo coronavírus, a Secretaria de Meio Ambiente viu uma oportunidade inédita para levantar dados sobre a origem do lixo que aparece na faixa de areia.
O estudo, feito em parceria com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), foi realizado no último dia 27, na praia do Boqueirão, e teve como objetivo identificar o lixo que é gerado na praia, proveniente dos banhistas, e o que vem de outros locais.
A análise foi feita após uma semana sem a presença de banhistas na praia e sem limpeza mecânica nos cinco dias anteriores. O método utilizado foi delimitar um espaço para medir a quantidade e avaliar os tipos de lixo na faixa de areia denominada seca. Este é o trecho onde usualmente permanecem banhistas, ambulantes e barracas de praia. Também foram coletadas amostras na faixa de areia úmida, que tem contato direto com a maré.
O que foi observado, segundo o secretário de Meio Ambiente, Marcos Libório, é que a faixa de areia seca estava extremamente limpa, confirmando que o lixo no local é resultado da presença dos banhistas. Já na faixa de areia úmida, os resíduos tinham outra origem. “Com cinco dias sem a limpeza mecânica, pudemos constatar que o lixo presente no mar é decorrente das palafitas existentes na região. Encontramos objetos de uso doméstico como escovas de dentes, sapatos e brinquedos. O próximo passo é estudarmos a direção das correntes marítimas e quanto tempo esses objetos percorrem pela água, até chegar na faixa de areia”.
Para a coordenadora técnica da Abrelpe, Gabriela Otero, o estudo vai balizar as próximas ações ligadas à proteção do meio ambiente. “Esse estudo é importante, não só para construir as políticas públicas futuras como para remodelar os serviços adequados de limpeza urbana”. Ainda de acordo com o secretário Libório, outras amostras serão coletadas durante a interdição da praia.
Com o retorno dos banhistas, será feito um comparativo na mesma área estudada.