Amilton Godoy (piano), Luiz Chaves (contrabaixo) e Rubinho Barsotti (bateria) fizeram parte da formação original do Zimbo Trio, formado em 1964 em São Paulo, e que se tornou uma das maiores instituições da nossa música.
Digno representante paulistano do samba jazz, surgido na fase áurea da Bossa Nova e que conseguiu unir a MPB ao Jazz, esteve ativo até o ano de 2013.
Foram 49 anos de uma história rica e com excelentes serviços prestados à boa música, mais de 50 discos lançados, reconhecimento mundial, excursões de sucesso por diversos países dos cinco continentes, levando sempre na bagagem a música instrumental brasileira.
Por uma questão jurídica, agora se chama Amilton Godoy Trio, liderado pelo pianista, único remanescente da formação original.
O Zimbo Trio, na sua trajetória, se caracterizou por apresentar uma sonoridade diferente, qualificada e de vanguarda, traduzidas nos seus arranjos sempre surpreendentes.
Recentemente, o selo Discobertas, dirigido pelo pesquisador Marcelo Fróes, lançou um box sensacional com os 6 primeiros discos gravados do Zimbo Trio, editados na época pela gravadora RGE, no período de 1964 e 1969. Verdadeiras preciosidades que agora estão à disposição de todos, totalmente remasterizados, relançados com suas capas originais.
Não é preciso nem dizer que o repertório contido nos 6 discos está recheado de tesouros, revelando, com detalhes, todas as possibilidades sonoras alcançadas, inclusive com o acréscimo das cordas e dos metais.
E, por todas estas características, podemos dizer que o Zimbo Trio conseguiu atingir o ambicioso objetivo de fazer música brasileira de qualidade, com toques de modernidade e sofisticação, muito além de ser um simples trio de acompanhamento ou aquele trio que escutamos para fazer a trilha de uma noite.
Um dos fatos mais marcantes do trio foi a participação como banda fixa do programa “O Fino da Bossa” da TV Record (1965), apresentado por Jair Rodrigues e Elis Regina, que na época divulgava os novos talentos da música.
Fora dos palcos, o Zimbo Trio realizou uma dos maiores legados de sua vitoriosa carreira, quando, em 1973, fundou em São Paulo o Centro Livre de Aprendizagem Musical – CLAM, que foi e é, ainda hoje, responsável pela formação musical de diversas gerações de músicos. Atualmente é dirigida pelo pianista Amilton Godoy.
E, para encerrar, uma curiosidade: o termo Zimbo significa boa sorte, felicidade e sucesso. Ingredientes fundamentais que o Zimbo Trio conseguiu ter em sua bela trajetória musical. Com merecimento e muito talento. Nossa eterna reverência!!!
“Orquestra Atlântica”
Uma genuína “Big Band” brasileira, com 11 integrantes, está reunida desde 2012 no Rio de Janeiro, liderada pelo trompetista Jessé Sadoc e pelos saxofonistas Marcelo Martins e Danilo Sinna.
Como característica sonora, unem, com muita criatividade e talento, a linguagem jazzística com a música brasileira, numa levada absolutamente estimulante e bastante acessível aos nossos ouvidos.
Em 2014 lançaram um belíssimo CD independente, que merece toda a atenção e considero como um dos trabalhos mais surpreendentes que ouvi nos últimos tempos.
Além de Jessé, Marcelo e Danilo, que também assinam a produção do disco, a orquestra conta com Gesiel Nascimento no trompete, Aldivas Ayres e Wanderson Cunha nos trombones, Elias “Kibe” Borges e Sérgio Galvão nas madeiras, Glauton Campello no piano, Jorge Helder no contrabaixo, Williams Mello na bateria e Dadá Costa na percussão.
Para este primeiro registro de estúdio, contaram com as participações especiais do guitarrista Nelson Faria, do trombonista Vittor Santos, que inclusive, assinaram alguns arranjos, além do saxofonista Mauro Senise.
Algumas curiosidades: são amigos de longa data, são muito talentosos e extremamente requisitados. Todos os integrantes são músicos que acompanham, nos palcos e nos estúdios, os maiores nomes da nossa música, o que dá mais força e credibilidade ao trabalho.
Destaque para os temas autorais “De Volta Ao Rio”, “Passo o Ponto”, “Ponderações no. 6”, “Chico” e “Passeio Público”, as minhas preferidas “Rio” e “Melancia e mais “Preciso Aprender a Ser Só”, “Nós” e
“Inútil Paisagem”.
A Orquestra Atlântica é uma prova irrefutável da qualidade da nossa música e dos nossos músicos. Uma formação sensacional e uma mistura de gêneros que fazem o coração bater mais forte.
No Olho da Rua – “Samba-Jazz 40 graus”
Ouvi a primeira vez o grupo "No Olho da Rua" por indicação do amigo Carlos Alberto Afonso, proprietário da "Toca do Vinicius", local abençoado pelos acordes da Bossa Nova, no coração do bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro.
Este CD, totalmente financiado pelo patrocínio dos amigos (o 6º. da carreira do grupo), foi idealizado por Ruy Castro, uma das maiores autoridades da Bossa Nova do planeta, que teve a ideia do CD conceitual e foi o responsável pela escolha do repertório.
E como ele bem escreveu na contracapa: "é uma viagem do No Olho da Rua aos anos 60, em que as boates do Beco das Garrafas ferviam a essa temperatura e o samba-jazz era o braço armado da Bossa Nova".
E a capa do CD também presta uma homenagem a César Vilela, criador das capas do selo Elenco, que viraram marcas registradas da Bossa Nova.
O grupo é formado por Paulo Rego no sax e flauta, Nito Lima no violão e guitarra, Eduardo Henrique no piano, Gustavo Schnaider na bateria e Rodrigo Ferreira no contrabaixo.
Destaco os temas "Samba de Rei", "Alegria de Viver", "Quintessência", "Estamos Aí", "Eu e a Brisa" (num duo emocionante de sax e guitarra), "Rio" (apresentado num arranjo muito criativo), "The Red Blouse" e o clássico do jazz "The Blues Walk", revisitado numa levada com muita Bossa.
Os caras deram conta do recado. E tenho que confessar que este CD se tornou o meu preferido do grupo.