Ao ano, mais de um milhão de pessoas no mundo chegam ao ponto de tirar a sua própria vida. O Setembro Amarelo é uma campanha que visa diminuir drasticamente esse número tão alarmante.
O Dia de Prevenção ao Suicídio é 10 de setembro, mas durante todo o mês são realizadas ações de prevenção, já que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), nove entre dez mortes poderiam ser evitadas. “Precisamos, sim, perder o medo e conversar sobre o assunto”, diz Valéria Christina de Souza, psicóloga clínica e especialista em psicoterapia cognitivo comportamental.
Sem menosprezar e, principalmente, sem julgar é importante, de acordo com a especialista, dar atenção a dor das pessoas que estão ao nosso redor. “É preciso agir no sentido preventivo, criterioso e cuidadoso. O acolhimento é fundamental”.
Valéria ressalta que o objetivo principal do paciente que tenta se suicidar é acabar com a dor massacrante que está sentindo. “Ele quer parar de sofrer no momento em que não encontra mais uma saída ou uma solução para a situação em que se encontra, sem saber que existem outras formas para lidar com o sofrimento”.
Portadores de doenças mentais, como transtornos de humor, são os mais sensíveis a essas situações. É importante não negligenciar sintomas, quando eles são aparentes. “No entanto, muitas vezes a pessoa está adoecendo emocionalmente e a família não detecta isso”, alerta a psicoterapeuta, que ressalta a grande valia de serviços como os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e o Centro de Valorização da Vida (CVV), que estão cada vez mais instrumentalizados para esses atendimentos.
O Ministério da Saúde conta com uma agenda estratégica de prevenção ao suicídio. A meta é reduzir, pelo menos, em 10% a mortalidade por essa causa até 2020. No Brasil, trata-se da terceira maior causa de morte entre os homens e a oitava entre mulheres. No mundo, é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.
Família que fica
Nos casos extremos, em que existe a morte do ente querido, geralmente a família fica em situação bem dramática. A psicóloga Valéria Christina de Souza ressalta que, muitas vezes, fica um sentimento equivocado de culpa e de desesperança para os que conviveram com aquela pessoa. Por outro lado, há muitos casos de pacientes que sobreviveram à tentativa de suicídio e deram a volta por cima de forma significativa”. “Eles conseguem entender que naquele momento só queriam ‘apagar’ por não conseguirem lidar com determinada situação. E isso não significa que não tenham capacidade de lidar com problemas. A dor é algo intrínseco, forte e iminente”.
Jovens em alerta!
Além do efeito devastador do bullying nas escolas, que é uma prática de atos violentos, intencionais e repetidos a uma criança ou jovem, a psiquiatra Natália Quireza Lemos, de Santos, fala sobre a importância de os pais cuidarem para que os filhos mantenham um sono realmente de qualidade.
“A adolescência é um momento onde o cérebro sofre impacto intenso das revoluções hormonais. Por isso, é importantíssimo que os pais ajudem para que os filhos tenham um sono de qualidade, limitando o uso de eletrônicos, principalmente no período noturno”, orienta a psiquiatra.
Segundo Natália Quireza, no período entre a infância e a adolescência há uma vulnerabilidade enorme para o surgimento de doenças psiquiátricas graves. A privação de sono voluntária é uma das responsáveis por isso. “Por haver imaturidade do sistema nervoso central, pode haver a disfuncionalidade de circuitos cerebrais, desencadeando irritação, raiva, depressão paranoia, impulsividade suicida, compulsividade agressiva, obsessões (por videogames, por exemplo) e comportamentos aditivos (vícios), além de transtornos da sexualidade e modificações brutais no ritmo circadiano, levando o jovem a trocar o dia pela noite e deixando-o desanimado e sem prazer ou vontade de fazer qualquer atividade.
Arte: Cassio W. Cañete