Recebeu o diagnóstico de colesterol alto, e agora? A medicação é fundamental para reduzir os riscos de infarto e acidente vascular cerebral (AVC), mas e os efeitos colaterais? Segundo o médico Hermes Toros Xavier, doutor em Cardiologia pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP (Incor), que atende em consultório em Santos, as estatinas são as medicações mais efetivas para reduzir o colesterol, em especial o LDL-C, o chamado colesterol ruim, aquele que se deposita nas paredes das artérias.
Mas muita gente ainda evita ingerir esse princípio ativo pelo aparecimento de efeitos adversos. O médico alerta: “É comprovado que o uso de estatinas diminui as chances de mortalidade cardiovascular e coronária. Mas é importante avaliar cada caso. O medicamento com estatinas de alta intensidade é recomendado, por exemplo, para pacientes diabéticos, com doença cardiovascular estabelecida e para aqueles com colesterol familiar ou genético”. Conforme o cardiologista, pesquisas que envolveram mais de 500 mil pacientes tratados com estatinas estabeleceu que o tratamento de maior intensidade evita a mortalidade.
No entanto, uma dieta específica deve ser a primeira conduta a ser adotada no tratamento do colesterol, apesar de que o impacto da mudança na alimentação seja muito discreto sobre os níveis de colesterol sanguíneo. “Somente 15% das taxas elevadas vem da dieta, sendo o fígado o maior responsável pela sua produção”. Assim, pacientes com níveis mais acentuados e aqueles de maior risco cardiovascular deverão receber tratamento medicamentoso para que o tratamento seja bem-sucedido de fato.
Mecanismo de ação
A função das estatinas no organismo é de inibir a enzima responsável pela produção do colesterol no fígado, fazendo com que o excesso do colesterol do sangue seja retirado pelo próprio órgão, reduzindo assim a sua concentração sanguínea. Mas e os efeitos colaterais? Felizmente não são todos os pacientes que sofrem com eles. “São sintomas raros, mas que, muitas vezes, fazem com que o tratamento tenha que ser interrompido”. A mialgia – dor muscular -, e´ o sinal mais comum e pode surgir em semanas ou anos após o início do tratamento. O médico Hermes Xavier ressalta que a incidência desses sintomas observada em estudos é muito baixa (0,1% a 0,2%). “No entanto, na prática clínica, se observa, porém, que as queixas musculares ocorrem em cerca de 10% dos pacientes que usam estatinas”.
Já em relação a toxidade do medicamento para os rins é muito rara e ocorre em cerca de 1% dos pacientes. O que mais preocupa é o possível aparecimento de diabetes, observado em estudos clínicos que envolvem pacientes medicados com estatinas. “Geralmente essa relação envolve indivíduos que apresentavam obesidade e perfil metabólico desfavorável mesmo antes de tomarem o remédio”.
É importante que o tratamento seja contínuo e sempre supervisionado pelo especialista, já que os benefícios clínicos da manutenção de níveis de LDL-C dependem em geral do uso a longo prazo. “Muitos pacientes que nem estão sofrendo com efeitos adversos suspendem as estatinas por medo e acabam não se tratando de fato, ficando expostos aos riscos que o LDL-C oferece à saúde”.