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Hora de vacinar meninos e meninas contra o HPV

08/09/2018 Da Redação
Hora de vacinar meninos e meninas contra o HPV | Jornal da Orla

Estima-se que mais de 600 milhões de pessoas são infectadas pelo HPV (Papilomavírus Humano) no mundo – 10 milhões só no Brasil, onde são registrados 15 mil novos casos anualmente. Responsável por um terço dos 2,2 milhões de tumores cancerígenos provocados por vírus e outros agentes infecciosos, o HPV é grave, transmissível e pode até matar, mas a boa notícia é que é prevenido por vacina, disponível gratuitamente na rede pública de saúde para crianças e adolescentes.

E é justamente este público que o Rotary Clube Santos-Boqueirão visa com a campanha ‘Deu Onda Vacinar contra o HPV’, visitando escolas e disponibilizando a quem interessar um vídeo institucional e pessoas preparadas para palestras.

O projeto existe há 12 anos, inicialmente de caráter educativo. Com a incorporação do HPV no Calendário Nacional de Vacinação, o trabalho dos rotarianos passou a focar também na prevenção e estímulo à vacinação. “Nosso maior objetivo é melhorar a adesão à vacina, que ainda é muito baixa. Com este projeto, que não tem data para acabar, já alcançamos 20 mil estudantes das redes pública e particular de Santos”, comenta a psicoterapeuta Márcia Atik, uma das coordenadoras.

No rastro da iniciativa do Rotary Santos-Boqueirão, o Ministério da Saúde lançou no último dia 4 uma campanha publicitária, convocando mais de 20 milhões de adolescentes do país para vacinar contra o HPV. A chamada é dirigida para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos.

Risco em Potencial
O HPV é sexualmente transmissível e infecta pele e mucosas da boca ou das áreas genital e anal, provocando verrugas e diferentes tipos de cânceres em homens e mulheres (colo do útero, anal, pênis, vagina, boca).  Oito em cada dez pessoas já entraram ou entrarão em contato com o vírus.

O vírus esta relacionado a quase 100% dos casos de câncer de colo do útero, que provoca a morte de cerca de 270 mil mulheres em todo o mundo e é a quarta principal causa de morte por câncer em mulheres no Brasil. 

O Ministério da Saúde estima que a prevalência do HPV no Brasil é de 54,3 %, sendo que mais de 37 % apresentam HPV de alto risco para o desenvolvimento de câncer, segundo pesquisa preliminar realizada em conjunto com universidades e secretarias municipais de saúde das capitais.

Vacina garante saúde e vida
Há cerca de 150 subtipos do vírus HPV, a vacina protege contra 4 subtipos, os que mais causam câncer e verrugas genitais. A vacina é segura, não apresenta efeitos colaterais e protege contra vários tipos de cânceres em mulheres e homens. Nos Estados Unidos a imunização reduziu em 88% as taxas de infecção oral pelo vírus. Só que a proteção só é completa quando aplicada as duas doses da vacina, com intervalo de seis meses entre uma e outra.

Este cuidado vem sendo negligenciado mesmo entre os que tomam a primeira dose. De acordo com o Ministério da Saúde, a cobertura com a segunda dose está em 41,8% para meninas e 13% para meninos. O Brasil é o primeiro país da América do Sul e o sétimo do mundo a oferecer a vacina HPV para meninos em programas nacionais de imunizações.

Ministério da Saúde convoca 20 milhões de adolescentes
Com o slogan “Não perca a nova temporada de vacinação contra o HPV”, a campanha publicitária do Ministério da Saúde está convocando mais de 20 milhões de adolescentes no país a comparecer a um posto de saúde. A campanha envolve várias peças e será veiculada até 28 de setembro. As escolas vão receber material informativo sobre as doenças e a idéia é estimular os professores a conversar com os alunos e familiares sobre o tema. 

“A participação das escolas é imprescindível para reforçar a adesão dos jovens à vacinação e, consequentemente, atingir o objetivo de redução futura do câncer de colo de útero, terceiro tipo de câncer mais comum em mulheres e a quarta causa de óbito pela doença no país”, afirmou Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

É preciso conversar
Márcia Atik reforça a importância de falar sobre o HPV na família, na escola e em outros grupos sociais. “Não pode ser tratado como tabu, o assunto tem que vir para a sala de visitas justamente para evitar os problemas. A infecção por HPV está crescendo muito, serão milhões de pessoas atingidas. Antes a vacina era caríssima, hoje está disponível na rede pública de saúde e ainda assim tem vacina sobrando”, lamenta. 
Como terapeuta sexual, Márcia Atik lembra que a sexualidade é um aspecto sagrado do ser humano, mas é preciso colocar a questão da afetividade, do respeito pelo próprio corpo e pelo corpo do outro. “O sexo seguro se pratica usando preservativo e tomando as vacinas”, enfatiza.

Por que vacinar desde cedo
O público-alvo são meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos e isto tem explicação: a vacina é muito mais eficaz se tomada por pessoas que nunca foram expostas ao HPV, de preferência aos jovens que ainda não iniciaram sua vida sexual. Quando tomada ainda na infância, antes do início da vida sexual, a eficácia é de quase 100% na prevenção de tumores malignos do colo do útero provocados por dois subtipos contemplados na vacina.

Quando administrada em mulheres mais velhas, já com vida sexual ativa e, portanto, com maior risco de já terem sido previamente expostas ao vírus, a eficácia cai para apenas 44%. Nos homens nunca expostos ao HPV a eficácia da vacina é um pouco mais baixa que nas mulheres, mas, ainda assim, atinge os 90%.

Saiba que…
– O uso da camisinha é essencial para proteger contra doenças sexualmente transmissíveis e evitar gravidez não desejada. Mas no caso do HPV ela ajuda, mas não previne totalmente a transmissão, já que pode haver a presença do vírus em outras áreas não cobertas como as mucosas.
– Não existem remédios para a cura do vírus, apenas para o tratamento de verrugas à base de ácidos aplicados nas regiões infectadas e cirurgias de cauterização.
– Em alguns casos, o corpo elimina a doença com o passar do tempo, mas muitas vezes as pessoas sofrem como o HPV por um longo período, tratando as verrugas, mas permanecendo com o vírus latente no organismo e sujeitas a reincidentes manifestações.
– A imunização total só ocorre se tomadas as duas doses da vacina, com intervalo de seis meses entre elas.