
O desfile da Paraíso do Tuiuti no Carnaval de 2018 entrou para a história – dentro e fora da avenida. Seu enredo questionando se realmente acabou a escravidão no Brasil fez a Rede Globo passar por várias saias justas.
A parte final da apresentação da escola foi uma avalanche: criticou a perda de direitos trabalhistas, trouxe a ala dos Manifestoches – manipulados com panela na mão e camisa da CBF – e os patos da Fiesp, travestiu o presidente Michal Temer de vampiro.
Na transmissão do evento, diante do “ataque” da Tuiuti, os costumeiramente falantes Alex Escobar e Fátima Bernardes mantiveram-se em silêncio por várias vezes. Sempre detalhistas ao explicarem os enredos e alegorias, dessa vez os apresentadores globais foram pouco concisos. Estavam visivelmente constrangidos com aquilo que viam.
No dia seguinte, a Globo “atravessou o samba” de vez. Na exibição do compacto dos desfiles do domingo, os dez minutos dedicados à Tuiuti foram de completo silêncio! Além de eliminarem toda e qualquer palavra proferida pelos apresentadores, cortaram a parte final do desfile.
E teve mais: no “Jornal Nacional” foi ar ao um resumo que dedicou apenas 35 segundos à apresentação da Tuiuti – sendo que a média para as demais escolas foi de um minuto!
A repercussão foi tão negativa que, na terça-feira, o “JN” teve uma matéria sobre o “Carnaval dos protestos”, destacando a Tuiuti e incluindo Mangueira e Beija-Flor.
Intolerância – De fato, a Beija-Flor também fez um desfile impressionante e histórico, usando o Rio de Janeiro como base para escancarar nossas mazelas. E a magnífica letra do samba-enredo talvez seja a mais contundente já vista no Carnaval.
Esculhambação – Em sua cobertura, a Rede TV! novamente nos lembrou que qualquer um pode pegar um microfone e “brincar” de ser repórter. Este ano escalaram Marcos Harter, um polêmico ex-BBB, para cobrir as escolas de samba (o cara é médico de formação). O canal, aliás, é uma espécie de “depósito de ex-BBBs”.
Cobertura – Das grandes redes, apenas a Record não cobriu a folia com transmissões ao vivo. Houve momentos em que Globo, SBT, Band, Rede TV! e Cultura dedicaram simultaneamente sua programação ao Carnaval, enquanto o canal do bispo Macedo fugia da festa pagã.
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