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Dislexia: transtorno de aprendizagem é comum entre a população escolar

29/07/2017 Da Redação
Dislexia: transtorno de aprendizagem é comum entre a população escolar | Jornal da Orla

Ler e escrever são aprendizados fundamentais para qualquer pessoa e a chave para o acesso a outros conhecimentos ao longo da vida. Quando a criança apresenta dificuldade nos estudos é preciso investigar, pois ela pode ser portadora de dislexia, o transtorno de aprendizagem mais comum entre a população escolar, presente duas vezes mais em meninos do que as meninas.

Como explica a neuropediatra Karina Weinmann, da NeuroKinder, aprender a ler não é um processo natural como é o da linguagem oral, que se desenvolve por meio da interação social com os adultos ou outras crianças. "Para aprender a ler é preciso ter uma boa consciência fonológica, que é uma habilidade adquirida. É o conhecimento consciente de que a linguagem é formada por palavras, as palavras por sílabas, as sílabas por fonemas e que os caracteres do alfabeto representam esses fonemas. A leitura fluente acontece quando todos esses processos acontecem de forma automática, sem atenção consciente ou esforço", diz Karina, especializada em desenvolvimento infantil.
 

O que é
A Dislexia é um transtorno de aprendizagem de origem neurobiológica. A condição é caracterizada pela dificuldade de reconhecimento das palavras, fluência na leitura das palavras e baixa competência em ler e escrever. Apesar da inteligência normal (QI) e da criança estar na idade esperada para aprender a ler e a escrever, ela não consegue.

 
 Qual a causa 
 Karina Weinmann comenta que a hipótese mais aceita hoje é que a dislexia é causada por um déficit nesse processamento fonológico devido a uma disrupção no sistema neurológico cerebral. Este déficit dificulta a discriminação e o processamento dos sons da linguagem e a consciência fonológica. Segundo ela, a doença tem caráter genético e hereditário. "Uma mutação genética rompe alguns circuitos cerebrais envolvidos no processo de leitura e escrita, levando à dislexia, que costuma aparecer em várias pessoas de uma mesma família que compartilham essa mutação genética". 

 

Sinais de alerta
A neuropediatra aponta o atraso na aquisição da fala como primeiro sinal de alerta. A dificuldade de pronunciar palavras mais complexas, assim como a omissão ou a inversão de sons (pipocas – popicas), também indicam algum déficit de linguagem. Crianças que apresentam dificuldades na aprendizagem da leitura já nos primeiros anos escolares, como falta de consciência silábica e fonêmica, dificuldade de identificar as letras e os sons correspondentes e que têm uma linguagem oral e vocabulário empobrecidos devem ser avaliadas precocemente.

 

Como diagnosticar
Atualmente não existe exame capaz de comprovar o diagnóstico. Em geral, o neuropediatra é o profissional mais indicado para identificar e tratar a dislexia, juntamente com uma equipe interdisciplinar. O médico irá excluir outras causas orgânicas, irá investigar o histórico familiar, histórico clínico e todas as demais informações. 

  
Como tratar
O tratamento para a dislexia é de longa duração e deve ser feito por uma equipe interdisciplinar, composta pelo neuropediatra, professor, psicopedagogo, psicólogo e fonoaudiólogo. "A participação da família é fundamental para o sucesso da terapia", enfatiza a neuropediatra. Embora ainda não exista cura para o transtorno, quanto antes a criança for diagnosticada e tratada, mais cedo desenvolverá estratégias que irão ajudar a superar as dificuldades.