TV em Transe

O jornalismo dos patrões

04/05/2017 Christian Moreno
O jornalismo dos patrões | Jornal da Orla
A prioridade foi destacar os transtornos que a paralisação causou, principalmente às pessoas que saíram da casa para trabalhar.
 
Não que essa pauta deixe de ser relevante, mas cada vez fica mais claro que, novamente, o jornalismo é usado para defender os interesses privados das empresas de comunicação. No caso, apoiar as reformas trabalhista e previdenciária do governo Temer.
 
E faz-se isso de forma velada, sem assumir uma posição oficialmente, com um um jornalismo travestido de isento.  
 
Diferença – No dia da greve, bastava conferir o trabalho de veículos internacionais como o El País, BBC, The New York Times, Le Monde e Al Jazeera para notar a enorme diferença de enfoque na cobertura. “Brasil travado por greve geral contra medidas de austeridade”, deu o NY Times. “As ruas desafiam o governo Temer e o Congresso”, destacou o El País.
 
Piada – Qual o resultado da imparcialidade? O jornalismo cair no ridículo. Foi o que aconteceu com Sandra Annemberg no “Jornal Hoje”. Ela, a rainha das caras e bocas, apresentou o telejornal com ar de poucos amigos e imensa olheiras.  Acabou virando piada nas redes sociais.
 
“A maquiadora dela aderiu à greve”; “Sandra se dando conta que terá de trabalhar até os 80 anos”; “Sandra Annenberg ao saber que suas férias serão parceladas como se fosse carnê das Casas Bahia”, escreveram alguns internautas.
 
Encontro – Uma semana antes da greve, Michel Temer jantou com Silvio Santos. No dia seguinte, o SBT passou a exibir inserções favoráveis às mudanças na previdência, com mensagens terroristas do tipo “você sabia que o Brasil quebra se não aprovar a nova lei da previdência?”. Pra completar, justamente no dia 28 Ratinho entrevistou quem em seu programa? Michel Temer.
 
Outra “coincidência”! – Também no dia da greve, a Rede TV! levou João Doria Jr ao “Mariana Godoy Entrevista”! E sem contraponto algum para rebater seu discurso de apoio irrestrito às reformas e condenação da paralisação – ele chamou os grevistas de “vagabundos”.
 
Exceções – O “Jornal da Gazeta” adotou uma postura mais equilibrada, assim como o “Hora News, da Record News. Um caso curioso, pois a abordagem da Record e de seu canal de notícias foram bem diferentes. No “Hora News”, o jornalista Heródoto Barbeiro promoveu um debate sobre a reforma trabalhista e foi claro: “aqui não queremos fazer a cabeça de ninguém”. Afirmando que o objetivo é o de “informar e esclarecer”. 
 
O telespectador e o bom jornalismo agradecem.